João J. Martinelli
Presidente da Acij
A impressão que se tem é de que o País está apodrecido. A cada dia, novas denúncias tomam conta dos nossos periódicos. São tantas que o mais novo caso de corrupção acaba substituindo o anterior, que cai no ostracismo. O affair Petrobras a gente nunca sabe quando vai acabar e a quem irá ainda atingir, já que a cada dia surgem notícias de propinas e contas na Suíça que nunca acabam. Se a nossa competente Polícia Federal aprofundar as investigações, não temos certeza se alguma estatal passaria impune.
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E o futuro? Que país é esse onde mais de 40% dos deputados e senadores respondem a processos na Justiça? Que futuro nos reserva quando ministros recém-empossados respondem a processos judiciais? Que futuro temos quando vemos ministros que não entendem nada de suas pastas? O ministro dos Esportes nunca chutou um tomate na vida e seu grande mérito é ser protegido por famoso bispo. Ou o Ministério do Trabalho e Emprego, em que o partido que o domina já teve ministro afastado por corrupção, mas continua comandando nos bastidores? Ou o da Cultura, que no dia da posse foi acusado de malfeitos por membros do próprio partido? Os muitos malfeitos do passado seriam minimizados se, ao olhar para a frente, tivéssemos a certeza de que doravante as coisas seriam levadas com maior seriedade, certeza essa que não tenho e não conseguirei ter.
Iniciamos sem nenhuma expectativa favorável com relação ao novo governo. Governo que já não vinha dando certo, e mais do mesmo seria impensável, mas veio. Sensação de falta de expectativa significa que algum presente de grego viria, já que as contas estão desalinhadas e não passa pela cabeça do governo reduzir despesas, já que foi mantido o mesmo número de ministérios, alguns dispensáveis. O fato é que o presente de grego veio sob a forma de aumento no custo da energia elétrica, aumento do PIS e da Cofins nas importações, aumento do IOF, aumento dos combustíveis, redução nos benefícios do seguro-desemprego, aumento do IPI para os cosméticos, aumento de 15 para 30 dias do período de afastamento do empregado por conta das empresas e outros efeitos colaterais ainda imprevisíveis. Nem sempre um saco de maldades é composto apenas por novas tributações. Já se fala em racionamento de energia e água.
O ajuste do ministro Levy já atingiu R$ 40 bilhões, valor que será retirado da economia como um todo e destinado a cobrir despesas sabe Deus de onde. Quem sabe um novo porto em Cuba, ou financiando uma saída para o mar do país do amigo Evo ou mandando milhões de dólares para os irmãos Castro sob forma de “mais médicos”. E nós aqui preocupados com a perda de competitividade. A impressão que dá é de que nós vivemos no Brasil, nossa pátria, e eles em Brasília. Queria deixar a presidente supertranquila e dizer que se ela pretendia com o aumento do IPI nos cosméticos deixar nossas mulheres menos bonitas, não vai conseguir.