No celular de um dos jovens mortos na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, a polícia encontrou 104 chamadas de uma mesma pessoa: “Mãe”. Os bombeiros contaram que os telefones espalhados pela boate tocavam sem cessar – e ninguém podia atender. Jovens universitários que saíram na noite de sábado para se divertir não voltaram para casa. Os pais, ao acordar e saber do desastre, puseram-se a ligar para os celulares com a esperança de ouvir uma voz dizendo “calma, eu estou bem”. Os que não ouviram saíram desesperados a procurar pelos filhos nos hospitais ou no ginásio para onde foram levados os corpos.

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Essa tragédia que enlutou o Rio Grande do Sul, comoveu o Brasil e foi notícia nos principais veículos de comunicação do mundo deve servir de lição para que não se repita em outras cidades. A pergunta que as autoridades responsáveis pela concessão de licenças, os bombeiros, os proprietários de casas noturnas, os jovens e os pais precisam fazer é o que pode ser feito para que não se repita.

Os jovens não se perguntam se os lugares que frequentam são seguros, se têm rotas de fuga e alvará de funcionamento. Os pais também ignoram as condições dos locais que seus filhos frequentam, confiantes de que têm autorização dos bombeiros, equipamentos de segurança e alvará da prefeitura. Ontem, jovens frequentadores de festas usaram as redes sociais para apontar falhas na segurança de casas noturnas em que estiveram recentemente.

Em gráfico, entenda a sequência de eventos que originou o fogo

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A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelecimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

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Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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