Quem vai ao trapiche que agora faz parte do parque Jaime Sandim, no Centro Histórico de São José, a partir da terra firme, é recebido por uma frase: "A memória qualifica o olhar". Segundo o autor da obra, o artista plástico Plínio Verani, a ideia não é ser "saudosista", mas "expandir a consciência, a amorosidade o pertencimento e a conexão".

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O que parece ser uma mensagem de boas-vindas na verdade funciona como um "até breve". A obra de 80 metros deve ser lida do mar para a terra, no mesmo sentido feito pelos portugueses quando chegaram à hoje cidade, há cerca de 270 anos. E quem se dispuser a fazer este exercício, será contemplado com o resgate de como um pedaço da capitania de Desterro tornou-se a quinta economia catarinense. Está tudo ali, registrado após dois meses do trabalho de Plínio e de uma equipe de pintores escalada para a missão.

A obra faz parte do projeto Calçadas da memória que pretende resgatar trechos da história josefense nas áreas dedicadas aos pedestres da cidade. Em dois meses o trapiche ficou pronto, e agora deve ser visto pelos passantes como um instrumento para tornar perene a mirada dos açorianos.

— A cidade, aqui, retoma a sua relação com o mar — que é a nossa essência. A energia marítima, a água são o símbolo do inconsciente e isso está sendo retomado agora — diz Plínio, enquanto apresenta a sua criação.

A linha do tempo representa as décadas e os séculos que se passaram e trouxeram São José até hoje. O desafio, porém, foi grande: as condições hostis do local, com a maresia, o vento e a força das águas, quase fizeram o artista desistir. Mas a persistência foi mais forte.

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— Fizemos uma pesquisa, escolhemos o tipo de tinta correto, nos protegemos e até novos gestos para fazer deslizar os pincéis por sobre o piso de concreto nós tivemos que desenvolver, para entregar o melhor para a cidade – revela.

O trapiche onde as pessoas podem conhecer a história de São José por meio da arte fica no Centro Histórico da cidade, inaugurado recentemente na parte de trás da Câmara de Vereadores.