No movimento intenso dos cemitérios neste Dia de Finados, os joinvilenses participaram de uma viagem solitária, mergulhados em seus pensamentos enquanto limpavam e enfeitavam a sepultura de seus entes queridos. Se, com os anos, as imagens do passado vão ficando menos nítidas na mente, o sentimento permanece forte.

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– Quando ele me via chegando à porta, gritava: “lá vai, pai”, e saltava em cima de mim. Isso a gente não esquece nunca – diz Amaro Schaurtz, 66 anos.

Amaro – lembranças eternas

Já faz mais de 30 anos que o pequeno Hemerson se foi, vítima de um atropelamento em frente de casa quando ia completar três anos de idade. Amaro sente o abraço do filho como se fosse hoje.

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Paulino e Luci – noites de cantoria em família

O casal Paulino e Luci Oliveira viveram intensamente e hoje se lembram das tantas vezes que cantaram a noite toda no sítio dos pais de Paulino: Jacob e Lucia. O velho Jacob ao violão e cantando Reis, Lucia com os nove filhos reunidos. Para Paulino, parece que foi ontem. O pai morreu em 1994, a mãe, seis anos depois.

– A proximidade do tempo é o amor, as pessoas estão vivas dentro de nós – complementa a mulher, Luci.

Mauro: tudo no mesmo lugar

Mauro José Araújo, 59, arruma tudo com cuidado e faz sua oração pelos sogros, sobrinho e pelo filho, assassinado quando saía de uma boate, em 2002. A morte prematura do filho, aos 21 anos, parou o tempo. Tudo dele está lá, no mesmo lugar.

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-“Fujão, errou a casa?” Meu filho costumava dizer quando eu demorava mais na rua. Quando chego aqui eu choro, fico com saudade – diz Mauro.

Irmãs lembram com humor da avó: força na cozinha

– Quando se tem amor quando está vivo, esse amor continua depois – diz dona Angela Baumer Werneck, que reza pela vó e bisavó, ao lado da irmã Lilian Gomes e da amiga Sônia Cristine Koentopp.

As irmãs acham graça que Lilian, a irmã mais nova, não sabia cozinhar quando casou. Para época, isso era um grande problema. A avó Sofia foi então morar com Lilian durante um tempinho até ensiná-la sobre os segredos culinários. Lilian explica:

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– Eu trabalhava fora e não tinha tempo, a avó me ajudou – recorda sorrindo.

Na hora da partida, há apenas dor e desespero, mas quando o tempo passa, as pessoas queridas preenchem um lugar dentro do coração de cada um, e podem ser lembradas também com risos e muito carinho, como mostram as irmãs Lilian e Angela.