Quarentões frequentam os consultórios em busca dos aparelhos ortodônticos

Os hábitos mudaram, os filhos cresceram e a condição financeira é outra. É esta combinação que tem facilitado a busca de um sonho antigo para muitos quarentões: modificar a estética dos dentes. Se a vida começa aos 40, para essa tribo o sorriso é o primeiro elemento da nova fase.

Há 10 meses o funcionário público Gerson Luís Faccin, de 48 anos, observou que havia chegado a hora de se aventurar num consultório odontológico para colocar o aparelho que vai alinhar os dentes, principalmente um que nasceu em cima de outro.

– Era uma coisa que sempre me incomodava, mas não a ponto de priorizar antes de adquirir outro bem. Há 20 anos eu estudava e não tinha dinheiro e agora consegui estabilizar as contas – explica Faccin.

Mas não foi só a parte estética que preocupou o funcionário público. A saúde bucal também pesou na hora de colocar o aparelho ortodôntico. Nos últimos anos os dentes desalinhados estavam machucando a gengiva, problema que já acabou.

O novo sorriso, por enquanto ainda metalizado, tem rendido elogios para Gerson no trabalho e em casa. Segundo ele, as pessoas notaram a diferença. Mesmo perto dos 50, ele não pensa em deixar de visitar os consultórios.

– Não vou parar por aqui. Tenho uma segunda etapa pela frente, o clareamento. Além de alinhados, quero dentes bem claros – destaca.

Por causa do resultado positivo, a mulher de Gerson, Marcia Teixeira Pinto, 52 anos, resolveu aderir a onda do marido e colocou aparelho. A filha Nativa, 27 anos, já usa há quatro anos. Como o tratamento é caro, e ela “tinha prioridade”, começou antes dos pais.

Viver mais e melhor

Chegar aos 40 ou mais não é motivo para deixar a aparência de lado. De acordo com a psicóloga Gladys Carvalho do Prado, as pessoas descobriram que têm uma expectativa de vida melhor, que vão viver por mais tempo e querem cuidar da aparência.

– Hoje os quarentões estão vivendo mais, conhecendo novas pessoas e visitando novos lugares. Por isso valorizam a aparência – explica.

Para a psicóloga, essa mudança de hábito não está presente apenas na vida pessoal. Esse grupo também está preocupado com o mercado de trabalho.

– Quando sorrimos passamos uma impressão mais positiva. Isso é importante para crescer profissionalmente – afirma.

Outras questões são a cobrança da sociedade e a saúde bucal, que também é importante para a autoestima.