Quando uma única pessoa está endividada, sofre pressões para saldar sua dívida a fim de não cair no rol dos caloteiros. Se o devedor já está na lista negra, padece do chamado “abalo de crédito”.
Continua depois da publicidade
Com as nações, não é diferente. Só que quem paga a conta é o povão – com desemprego, impostos e juros altos. Vejam a Grécia: alguns poucos viveram “com classe”, e agora quem paga a conta são os “desclassificados”.
O FMI funciona como “cobrador” dos bancos e dos fundos das nações ricas. Empresta um dinheirinho aos devedores só para que eles o repassem imediatamente aos credores.
O “presente de grego” está assegurado para cada cidadão, segundo o critério da dívida per capita. De uma forma ou de outra, todos pagam com a ingestão de um copo de fel. E quem não tem dinheiro, paga com o seu emprego.
A cartilha do FMI é a mesma desde que foi criado, no pós-Guerra. Determina aqueles mesmos remédios amargos que conhecemos nos últimos 50 anos: aumento da carga tributária e das tarifas dos serviços públicos, superávit primário, poupança à parte para o pagamento da dívida e dos juros.
Continua depois da publicidade
Como renascer? Como gerar empregos? Como aumentar o PIB para honrar a mesma dívida? Depois de ter os seus dutos lacrimais esgotados pela crise, com o falecimento de sua classe média, à Grécia resta… dançar o “Zorba”.
Não seria o caso de uma trégua dos credores, para que a galinha voltasse a botar os seus ovos?
Esta seria a lógica cristã. A do FMI é deixar o devedor de “tanga”, antes que os credores comecem a franzir o cenho.
Neste filme de terror, movimentam-se os advogados das velhinhas do Kentucky que aplicaram em papéis da dívida grega com medo do calote – que virá.
Na hora da moratória, os advogados falarão em nome das velhinhas e da penúria em que ficariam com o calote. Ora, o que não se diz é que estas mesmas velhinhas foram seduzidas pelos ladinos do mercado, espertalhões remunerados para garimpar rendimentos delirantes “around the world”. Mesmo os menos confiáveis, desde que rendessem 10, 15 vezes mais que os títulos do tesouro americano, remunerados a módicos 1% ao ano.
Continua depois da publicidade
Não se trata de um típico investimento de risco?
Pois quando o risco se materializa, chamam o carrasco (FMI) para salvar os bancos. E as velhinhas que especularam com os seus fundos.
Ah, velho mundo sem juízo…