Quando tomar a dose de reforço? Especialista responde 10 dúvidas sobre vacinação

O avanço da variante Ômicron do coronavírus em Santa Catarina é um dos fatores para aumento dos casos ativos da Covid-19. As notificações da doença cresceram exponencialmente em apenas um mês, atingindo 66 mil casos nesta terça-feira (25), segundo o Painel do Coronavírus do NSC Total. Como a imunização protege contra casos graves da doença, especialistas reforçam a importância de completar o ciclo vacinal.

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Pensando nisso, o Diário Catarinense pediu que os leitores enviassem suas perguntas sobre a vacina contra Covid pelo Instagram. As dúvidas mais comuns dos seguidores foram respondidas pela epidemiologista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do Observatório Covid-19 BR, Alexandra Boing. Confira trechos da entrevista com a especialista:

Se peguei Covid e desenvolvi anticorpos, ainda preciso me vacinar?

Alexandra Boing: Sim, mesmo quem já pegou Covid precisa se vacinar. Isso acontece porque mesmo com os anticorpos, nem sempre o organismo cria a chamada memória imunológica — que a capacidade do organismo de reconhecer e se proteger contra uma nova invasão — e também existem vários estudos demonstrando uma redução do nível de anticorpos após a infecção. Então, para se ter uma prevenção contra o agravamento, o óbito, é necessário a vacinação e não existe motivo, ponto de vista científico, de não se vacinar.

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Tomando a dose de reforço, há chance de ter sintomas mais leves caso seja infectado pela Ômicron?

Então, todas as vacinas disponíveis, com os seus respectivos reforços, funcionam contra a variante ômicron. Sendo assim, com a dose de reforço a proteção aumenta para que a doença não evolua para um caso grave e para óbito. Sem dúvida, essa onda de casos mais leves são consequência da vacina. Então, é importante que, mesmo vacinadas, as pessoas continuem tomando todas as medidas de prevenção.

Posso tomar a dose de reforço com Covid?

Após o diagnóstico positivo com Covid-19, a pessoa deve aguardar ao menos quatro semanas para poder receber o reforço, conforme orientação do Ministério da Saúde.

Gestantes podem tomar a dose de reforço?

Assim como toda a população adulta, quem está grávida ou amamentando precisa tomar a dose de reforço. Antes das vacinas, as grávidas e as puérperas eram alguns dos grupos mais atingidos pelo vírus e com o avanço da ômicron sabemos que a terceira dose é importante para aumentar a proteção.

Quando teremos vacinas contra as novas variantes Delta e Ômicron?

A ômicron já se tornou a variante predominante em vários países do mundo superando a variante delta. A ômicron pode ter mostrado uma capacidade de evasão vacinal e como ela demonstrou essa capacidade, os laboratórios já estão trabalhando em uma atualização, em uma nova versão da vacina, que seja eficaz contra as cepas já existentes, e também contra a ômicron. Um exemplo é o laboratório da Pfizer, que tem trabalhado nessa nova versão, nessa atualização, e existe uma previsão de que essa atualização já esteja pronta a partir de março desse ano. Mas é importante destacar que mesmo com as atualizações, com as vacinas, toda a população precisa manter todas as medidas de prevenção.

A vacina contra a Covid-19 provoca coagulação sanguínea ou trombose?

É importante reforçar que os objetivos gerais da vacina na prevenção da Covid superam os riscos e os efeitos colaterais. E o risco de trombose, e também de coagulação sanguínea, é maior pela Covid do que pela vacinação.

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Quanto tempo após a segunda dose devo tomar a dose de reforço?

O reforço pode ser aplicado em qualquer pessoa maior de 18 anos que tenha recebido as duas doses de vacina, respeitando o prazo mínimo dos quatro meses após a segunda aplicação. A vacina da Pfizer está sendo utilizada como uma dose de reforço em pacientes que foram imunizados ou com Coronavac, ou com Astrazenaca e com a própria Pfizer. A opção por essa vacina levou em consideração o aumento da resposta imunológica com o esquema heterólogo, que são vacinas diferentes. E de maneira alternativa, os imunizantes da Janssen e Astrazeneca também podem ser utilizados pelos municípios na dose de reforço.

Inicialmente a vacina da Janssen foi destinada como uma aplicação única, mas também ela vai ser reforçada. Então, quem recebeu a primeira dose entre dois a seis meses, já pode comparecer às unidades de saúde para tomar a sua segunda dose e a terceira dose vai funcionar conforme as demais. 

Podemos ter efeitos colaterais das vacinas no futuro?

As vacinas de maneira geral são eliminadas pelo organismo. Então, o organismo ele reage imediatamente após a vacinação, poucas semanas mais tarde. Então, é o período em que pode vir a desenvolver as reações, os efeitos colaterais, que mesmo assim o mais comum é que isso ocorra entre 24 e 48 horas. 

Pessoas estão tendo AVC e infarto por conta da vacina da Covid?

Esses possíveis casos de AVC e infarto nos últimos meses passaram a circular nas redes sociais, nos grupos de mensagem, como sendo associados às vacinas. Então, é importante deixar muito claro que o AVC é um evento considerado extremamente raro, então, não há casos de mal-súbito relacionados à vacina, os dados do DataSUS mostram que as mortes relacionadas ao AVC é estável nos últimos anos. Além disso, é importante destacar que os imunizantes eles continuam a ser acompanhados. Todos os efeitos possíveis relacionados às vacinas são investigados. Então, as vacinas são seguras, são eficazes e os riscos de desenvolver qualquer tipo de problema, como trombose, derrame, o próprio AVC, é maior ao se contrair a Covid, do que relacionado à vacinação. Isso reforça muito mais ainda a importância da necessidade da vacinação.

Terei que tomar uma quarta dose?

Neste momento, nós não temos a indicação de uma quarta dose de vacina. Vamos precisar acompanhar os próximos meses para avaliar a necessidade. Sabemos que a necessidade de proteção contra a infecção diminui com o tempo e é provável que os reforços regulares, igual temos para a gripe, poderão ser utilizados. Alguns países tem indicado a quarta dose para grupos específicos, como Israel para grupos de risco, profissionais de saúde, idosos, imunossuprimidos. A última atualização feita em outubro indica que as diretrizes apontadas para que algumas pessoas moderadamente ou gravemente imunocomprometidas podem receber uma quarta dose da vacina da Moderna ou da Pfizer, que são as vacinas que são utilizadas naquele país.

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