O tempo passa tão depressa que quando percebemos as nossas crianças já cresceram. Da infância, à adolescência e à fase adulta. Opa! O que eu disse: fase adulta. Pois é a ficha só cai quando o primeiro cordão umbilical é cortado pela segunda vez. A primeira é quando nasce um filho e a segunda quando ele arruma suas coisas e diz: “Mãe, tô indo!” E assim foi, quando vi as malas prontas do meu filho Filipe arrumadinhas e ele dizendo que depois pegava o resto das coisas, senti um calafrio na espinha. Não esperava que esse dia chegasse tão depressa, pois ele havia recém se formado na universidade. Pensei comigo: é tão jovem, não está preparado para a vida. Isso na minha cabeça, é claro. Chorei como se uma parte de mim estivesse me abandonando. Passei dias chateada, ia ao seu quarto vazio, apenas com alguns objetos que ainda haviam ficado. Com os olhos cheios de lágrimas, fechava a porta e assim fiz por muitos dias. Passados mais alguns meses minha filha Victória também criou asas.
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– Mãe, quero morar sozinha e gostaria que tu me ajudasses nisso. Meu Deus, um trovão! E assim foi, em pouco tempo, Victória estava morando em seu apartamento, bem faceira. Dizia para mim todos os dias: filhos são para a vida e é chegada a hora de buscarem seus caminhos.
Mas a sensação de abandono foi ficando mais forte, como consequência, 10 quilos acima do peso, uma ansiedade que não tinha remédio, meu coração foi ficando cada vez mais apertadinho, faltando um pedacinho ali outro aqui. Até que quase um ano após a saída de casa dos dois filhos, Guilherme, meu filho mais velho, decidiu morar em outra cidade. Nossa, fiquei em pânico total. Meu ninho estava decididamente vazio, pois meu marido já estava trabalhando em outro Estado e vinha pra casa a cada 15 dias. Muitas vezes me lembrava de cada um, desde a gravidez, a infância, dos acontecimentos felizes, das suas descobertas, de quando aprenderam a ler, dos aniversários com muita festa, de quando entraram na universidade, do dia da formatura. Os meus pássaros bateram suas asas. Voaram alto mas retornam ao ninho para nos visitar e neste voo, chegou o João Augusto, meu neto amado, preenchendo o vazio que havia ficado com um amor imensurável. Se tivesse que definir esta etapa em minha vida, escolheria uma música do Kleiton e Kledir que diz: “Levantar a minha âncora e partir, navega coração, nas águas deste mar, voa coração pra lá do arco-íris. E assim a vida segue, feliz”.