O rapaz que caiu da ponte Colombo Salles durante a manifestação desta quinta-feira segue em observação no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis. Renan Capella dos Reis, 19 anos, ainda aguarda os resultados de tomografias e radiografias para ser liberado. Mesmo assim, para a família, há motivos para comemorar, já que o estudante de Informática do Senai caiu de uma altura de pelo menos oito metros (o equivalente a três andares). Ele estava acompanhado dos amigos e vestia a máscara do “Anonymous”, uma das marcas da manifestação.
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O pai de Renan, o advogado Alfredo dos Reis, conversou com o Diário Catarinense na manhã desta sexta-feira sobre como foi o acidente. Pelo pai, o estudante informou que não iria conversar com a reportagem por acreditar que a Globo e a RBS vão contra seus ideais.
Diário Catarinense – Como está a saúde de Renan?
Alfredo Reis – Ele está com o punho direito enfaixado, reclama de dores no tornozelo e na lombar e houve uma indicação de fratura do cóccix, o que ainda não foi confirmado. A sorte dele é que choveu bastante ontem (quinta-feira) e a grama estava molhada. Como ele caiu na grama, amorteceu a queda. Mas se ele tivesse caído 1,5m para frente, ele cairia em pedra. E se tivesse caído 1,5m para trás, ele cairia em asfalto.
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DC – Mas por que ele caiu?
Reis – O Renan estava na Colombo Salles, ainda próximo à Ilha, quando apagaram a luz da ponte para os manifestantes saírem de lá, pelas 20h30min. Ele não conseguiu enxergar e caiu. O Renan tem só 5% de visão, por um problema congênito. Na verdade, ele nem precisava estar lá porque ele tem carteira de deficiente, não precisa pagar passagem de ônibus. Mas ele é engajado nos movimentos sociais.
DC – Ele estava na manifestação de terça-feira também?
Reis – Estava, ele ficou até umas 23h30min na terça-feira. Eu telefonei para ele e pedi que ele não fosse nesta manifestação de ontem (quinta-feira). Ele que foi mesmo assim, eu não sabia que ele estava lá. Eu tenho medo que ele vá em aglomeração por causa do problema de visão. Mas ele é de defender os direitos, desde que ele tem 13 anos. Nas passeatas do Passe Livre, ele está em todas. Ele pede pela saída do Renan Calheiros da presidência do Senado, pelo fim do dinheiro gasto nos prédios da Copa do Mundo.
DC – Onde o senhor estava quando ligaram avisando que Renan tinha caído da ponte?
Reis – Eu estava no escritório, esperando a manifestação acabar para eu ir para casa quando minha mãe ligou avisando que tinham ligado do hospital. Liguei para o hospital e quando falaram “teu filho caiu da ponte”, eu pensei que ele tivesse morrido. É porque não era a hora dele, ele nasceu de novo. Liguei para o celular dele e ele atendeu. Foi quando percebi que ele estava conseguindo falar.
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DC – Mas o senhor acha que o Renan ainda acredita que valeu a pena participar da manifestação?
Reis – Eu tenho certeza de que se tiver uma próxima, ele vai querer ir. Tenho certeza de que ele vai dizer que valeu a pena. Ele chegou a falar já “estou quebrado, mas fiz o que deveria fazer”.