Cleiton César tem 49 anos, é jornalista na NSC em Chapecó e faz parte do grupo de mais de 650 mil catarinenses infectados pelo coronavírus em Santa Catarina desde o início da pandema.
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A seguir, você confere o depoimento de Cleiton sobre a luta contra o coronavírus:
No primeiro momento fui para o hospital com falta de ar. Fui medicado, mandado para casa e pediram para voltar dois dias depois para ver como estava a situação. Eu me apresentei e a situação tinha piorado. Aí o médico resolveu me internar. Foi no dia 27 de novembro. E tudo começa como um susto bastante grande, porque não sabia o que estava acontecendo. Fiz o teste de Covid-19 e positivou. Fiquei os dois primeiros dias sentindo falta de ar. Depois, piorou demais.
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Não tinha força para comer, não tinha força para levantar, não tinha força para mexer as mãos, os braços. Fiquei quatro dias com febre. Tive três dias que tudo era negativo, eram só notícias negativas. Nesses dias praticamente me entreguei. Foi aí que eu recebi uma mensagem do meu filho, Caetano, 14 anos. Quando eu vi essa mensagem dele, pensei: “Não posso me entregar, não posso desistir”.
Minha mãe tem 84 anos, a lei da vida não é essa. Geralmente os filhos ficam e os pais vão antes. E o meu filho tem 14 anos, não encaminhei ainda, então eu tinha que voltar. Isso me deu muita força, essa mensagem que recebi do meu filho.
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Mas é terrível. Os momentos são terríveis, porque a gente escuta praticamente tudo que acontece naqueles corredores do hospital, você fica sabendo de muita coisa, de gente morrendo o tempo todo. Eu via a correria dos profissionais da saúde para tentar salvar todo mundo, todos empenhados e dedicados o tempo o todo. Mas em muitos momentos eles não conseguiam salvar. Dava para sentir no olhar deles a tristeza, eles vendo muita gente naquela situação e que não tinha o que fazer.
Não cheguei a ir para a UTI, não cheguei a ser entubado, mas fiquei o tempo todo com a máscara de oxigênio. É uma coisa muito triste. Você fica o tempo todo dependendo dos outros, para ir ao banheiro, para tudo. Porque não tinha como ficar em pé. Depois do 12º, 13º dia comecei a ter uma melhora com relação à respiração e depois de 18 dias recebi alta. Tive 80% dos meus pulmões comprometidos no período que estava no hospital.
Quando eu entrei senti uma insegurança, porque eu não sabia o que era. No meio do caminho cheguei a desistir e voltei a insistir para permanecer por aqui com todo mundo. E na saída, um ar de respiro, olhando para o lado com aquela sensação que consegui vencer, mas dependi muito dos outros, que os profissionais da saúde foram essenciais com o cuidado que tiveram comigo.
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Meu recado é que as pessoas tem que se cuidar, porque isso é muito sério. Mata, como está matando tanta gente. Tem que ter cuidado. Não vacilem! Qualquer tipo de vacilo pode ser fatal. Você não poder respirar o ar que é de graça, isso é terrível.
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