A qualidade do ar de Florianópolis está pior do que a qualidade do ar de São Paulo nesta quinta-feira (12), conforme o site suíço IQAir, que faz o monitoramento em países ao redor do globo. No momento, o ar da capital catarinense é classificado pelo portal como “insalubre para os grupos sensíveis”. A previsão para sexta-feira (13) e sábado (14), no entanto, é ainda pior, conforme a página: o ar deve ficar insalubre para todas as pessoas.
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Segundo o coordenador do laboratório de Controle de Qualidade do Ar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Leonardo Hoinaski, Florianópolis não possui uma estação que monitore a qualidade do ar. Por isso, não há como ter a precisão do índice de poluição na Capital. Ele explicou ao NSC Total que o IQAir exibe uma “modelagem” do tempo na cidade, da mesma maneira que é feita a previsão do tempo.
VÍDEO: Em meio a fumaça, “chuva preta” cai na Serra de Santa Catarina
— A gente se prepara para trazer o guarda-chuva para o trabalho porque temos essa informação dos modelos, mas não quer dizer que elas estejam totalmente certas, mas elas servem — informa.
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Florianópolis registra ar 10 vezes mais tóxico do que o normal, diz site de monitoramento
A nota de Florianópolis, nesta quinta-feira, é de 149. São Paulo, por outro lado, está com 147.
No dia anterior, quarta-feira (11), a nota era de 137, ou seja, houve uma diferença de 12 pontos de um dia para o outro.
O site usa um índice numérico para classificar a qualidade do ar. Entenda:
- de 0-50, a avaliação é boa;
- de 51-100, moderada;
- de 101-150, insalubre para grupos sensíveis;
- de 151-200, insalubre;
- de 201-300, muito insalubre;
- de 301 para cima, perigoso.
Na sexta, a previsão é de uma pontuação de 157, e no sábado, 163. Ambas configuram qualidade do ar como insalubre.
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Qualidade do ar em SC
A combinação entre uma intensa massa de ar seco e quente e a fumaça das queimadas tem causado uma piora significativa na qualidade do ar em Santa Catarina, com ênfase para as regiões Oeste e Extremo Oeste catarinense.
Desde o último domingo (8), o Estado está sob um Aviso Meteorológico, com atenção voltada para as possíveis consequências à saúde, como desidratação, agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com doenças preexistentes.
Por isso, órgãos estaduais emitiram nesta quinta-feira uma nota conjunta alertando para os riscos à saúde pública, que acontecem por conta da baixa umidade relativa do ar e da poluição atmosférica. Entre os órgãos, estão a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC), o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Secretaria do Meio Ambiente e Economia Verde (Semae).
Leia a nota na íntegra:
Segundo a Central de Monitoramento da Defesa Civil de Santa Catarina, o transporte da fumaça vem sendo acompanhado em tempo real.
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“Estamos monitorando constantemente as condições e o avanço da fumaça pelo estado. A situação requer atenção redobrada, principalmente nas regiões mais afetadas pela baixa umidade e pela poluição. A orientação é que a população siga as recomendações de proteção, especialmente as pessoas que fazem parte de grupos de risco”, disse o gerente do monitoramento e alerta, Frederico Rudorff.
Conforme o IMA, a fumaça trazida pelas queimadas intensificou a poluição atmosférica do Estado. Estações de monitoramento do ar, localizadas nos municípios de Tubarão e Capivari de Baixo, registraram concentrações de partículas inaláveis (MP10) entre 80 e 130 μg/m³, valores que configuram um Índice de Qualidade do Ar entre moderado e ruim.
“Além da fumaça das queimadas alguns outros fatores também podem colaborar com o atual cenário como: a direção do vento que transporta os poluentes, a hora do dia que também pode influenciar na qualidade do ar e as condições atmosféricas como tempo seco que favorece a permanência do poluente em suspensão ou chuvoso que possibilita a limpeza do ar removendo partículas de poeira, poluentes e outras impurezas”, esclarece o diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA, Diego Hemkemeier Silva.
A Secretaria de Estado da Saúde alerta, ainda, para que a população fique atenta para os sintomas que a baixa qualidade do ar podem causar. Entre eles:
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- irritação nos olhos, nariz e garganta;
- cansaço;
- tosse seca.
Grupos vulneráveis estão mais suscetíveis a problemas mais graves, de acordo com a SES.
Recomendações à população
Dentre as recomendações à população feitas pelo Governo do Estado, está:
- Hidratação constante: Beba água regularmente, mesmo sem sentir sede;
- Ambientes internos: Utilize umidificadores de ar ou recipientes com água para melhorar a umidade dentro de casa;
- Evitar atividades ao ar livre: Especialmente em horários de maior concentração de poluentes;
- Buscar atendimento médico: Se os sintomas respiratórios ou irritações persistirem, é aconselhável procurar assistência médica.
De acordo com o Ministério da Saúde, crianças menores de 5 anos, idosos e gestantes devem ter atenção redobrada, sendo preciso estar atento aos sintomas respiratórios ou outras complicações de saúde. Para adultos e idosos, há um aumento do risco de eventos cardiovasculares e respiratórios combinados.
Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou imunológicos devem:
- Buscar atendimento médico imediatamente na ocorrência de sintomas;
- Manter medicamentos e itens prescritos sempre disponíveis para o caso de crises agudas;
- Avaliar a possibilidade e segurança de se afastar temporariamente da área impactada.
Até quando a fumaça fica em SC?
A partir de sexta-feira (13), a chegada de uma frente fria deve trazer chuvas ao Estado, o que deve inibir o transporte de fumaça para Santa Catarina. Devido à alta concentração de fuligem na atmosfera, é possível que ocorra o fenômeno conhecido como “chuva preta”, onde a precipitação apresenta uma coloração escura por conta da presença de partículas em suspensão no ar.
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*Sob supervisão de Andréa da Luz
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