Seis dias após ter o pedido de recuperação judicial aprovado pela Justiça, o JEC apresentou o planejamento para os próximos meses. Entre as novidades destacadas pelo presidente Charles Fischer e o advogado Felipe Lollato nesta quarta-feira (15) estão os investimentos no futebol e a reserva de recursos para pagar os credores.

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Em coletiva de imprensa transmitida aos torcedores pelas redes sociais do clube, o presidente explicou a situação do JEC e as motivações para dar início a recuperação judicial. Segundo ele, há alguns anos a dívida tem aumentado e prejudicado o dia a dia do Tricolor.

— Estava na hora do clube tomar uma decisão de mudar os seus rumos de verdade e parar de tapar o sol com a peneira. Senão, no fim do ano, o clube teria R$ 5 milhões a mais em dívidas só de juros porque todo mês são R$ 400 mil de juros nas costas do JEC — contou.

Fischer revelou que a receita atual do JEC é de aproximadamente R$ 400 mil mensais, o que representa o mesmo valor dos juros da dívida. Diante da situação, o advogado que auxilia o clube no processo afirmou que a recuperação judicial era a única alternativa para o Joinville.

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— Se você está gerando algo similar ou maior do que seu faturamento só de serviço da dívida, só em juros, é preciso fazer alguma coisa para aplacar isso porque senão não vai terminar bem — garantiu Lollato.

Com o pedido de recuperação aprovado pela Justiça, todas as dívidas do clube foram bloqueadas e vão ajudar a diretoria a ter uma visão realista das contas para elaborar um planejamento condizente com a realidade tricolor.

A expectativa do clube é ter uma carência de 24 a 36 meses sem precisar pagar as dívidas para conseguir se organizar financeiramente.

Reservas para pagar credores

A diretoria tricolor pretende reservar de 30% a 35% do orçamento para o pagamento dos credores previstos na recuperação judicial. Segundo o presidente, a ideia é criar uma conta bancária exclusiva para essa finalidade.

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— Vou levar ao conselho para que seja aprovado de alguma forma que, quando entrar dinheiro na conta, só saia para pagamentos da recuperação judicial, independentemente de quem estiver aqui (como presidente) — explicou Fischer.

O advogado Felipe Lollato também contou que o planejamento do JEC é não ultrapassar R$ 100 mil mensais para pagamento de tributos e o plano de recuperação judicial. No entanto, o valor ainda será definido na negociação da dívida com os credores.

Os pagamentos começam apenas depois da aprovação do plano de recuperação. O documento detalhado com o planejamento do clube para sanar as dívidas deve ser apresentado em até 60 dias e aprovado em assembleia com os credores, o que pode levar até um ano, de acordo com o advogado.

Negociação da dívida

A dívida atual do JEC é de R$ 38 milhões, sendo R$ 20 milhões em tributos e outros R$ 18 milhões para credores. Porém, o clube pretende reduzir os valores dentro da negociação prevista na recuperação judicial.

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Lollato explicou que a lei prevê desconto de até 100% em multas e juros das dívidas fiscais para empresas ou clubes de futebol em recuperação judicial. Segundo ele, é uma parte relevante que corresponde até 55% dos passivos tributários e pode ser parcelada em até 120 vezes.

No caso dos credores, é necessário a aprovação de 50% dos presentes na assembleia para aprovar o plano de recuperação. As negociações acontecem com cada uma das classes de credores, sejam eles trabalhistas, quirografários ou empresas.

Planejamento para a Copa Santa Catarina

O clube apresentou um orçamento para o conselho no início do ano que precisará ser respeitado até o fim de 2022. Como a previsão levava em consideração uma situação financeira comprometida mensalmente pelas dívidas e bloqueios judiciais, as contas para os próximos meses estão apertadas.

De acordo com o presidente Charles Fischer, o planejamento do clube é investir em torno de R$ 100 mil para a disputa da Copa Santa Catarina. A competição é importante para o Tricolor, já que o vencedor garante vaga na Copa do Brasil de 2023, única competição nacional que o time ainda poderá disputar no próximo ano.

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Uma das novidades para a Copa Santa Catarina será a implantação do ingresso social, com valor de R$ 10. Ele poderá ser adquirido por torcedores com baixa renda – o clube ainda definirá o teto nas próximas semanas.

Outro investimento do Tricolor é a contratação de uma empresa especializada em marketing esportivo com contrato até o fim do ano. Ela será responsável por campanhas para resgatar os sócios e dar visibilidade a marca de patrocinadores.

Investimentos no futebol devem crescer em 2023

Como o objetivo do JEC é voltar para o Campeonato Brasileiro em 2024, será necessário conquistar a vaga no Campeonato Catarinense de 2023. Por isso, o planejamento do clube é investir em uma folha salarial de, pelo menos R$ 200 mil para o Estadual.

No entanto, será necessário buscar novos patrocinadores para aumentar a receita tricolor para aproximadamente R$ 600 mil. Fischer afirmou que a diretoria já trabalha para ampliar os parceiros e também em um projeto para captação de recursos para o futebol da base. Ele deve ser apresentado até o fim de junho.

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— Nós estamos entrando com projeto de R$ 3 milhões para captar uma boa receita e garantir a base em 2023. Isso também é muito importante porque acaba reduzindo no nosso custo mensal — detalhou.

Uma série de reuniões com empresários já está marcada para os próximos dias para tentar sensibilizá-los em realizar investimentos no projeto da base. A lei permite o abatimento de até 2% dos impostos para empresas e pessoas físicas.

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