O futebol de Santa Catarina tem ao menos seis jogadores envolvidos na investigação do esquema de manipulação de resultados para apostas desvendado pela operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MPGO). Parte deles aparece apenas como citado entre os apostadores investigados, mas já há também quem tenha sido denunciado à Justiça: o zagueiro Victor Ramos, da Chapecoense.

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Victor Ramos

À época atuando pela Portuguesa-SP, Victor Ramos teria aceitado uma promessa de receber R$ 100 mil para cometer um pênalti em partida contra o Guarani no último dia 8 de fevereiro, pelo Campeonato Paulista. A penalidade foi de fato cometida, mas o atleta não recebeu o dinheiro, já que os organizadores do esquema não fizeram a aposta que envolveria o jogo, conforme descreve a denúncia do MPGO.

O Ministério Públicou levantou prints de conversas de WhatsApp de Victor Ramos, que teve o celular apreendido no último dia 18, em que ele se irrita ao cobrar o dinheiro devido de um dos criminosos.

A Promotoria quer que o jogador da Chape responda agora por aceitar vantagem patrimonial para falsear competição esportiva, prática tipificada pelo artigo 41-C da lei Nº 10.671/2003 (o Estatuto do Torcedor), que prevê reclusão de dois a seis anos, além de multa.

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A defesa do jogador comunicou entender que não houve aceitação ou recebimento de vantagem por ele a fim de manipular resultados e que a inocência dele será provada junto à Justiça.

A Chapecoense, por sua vez, comunicou, ao ge, que respeita as investigações, mas que aguarda o julgamento do caso para tomar as medidas que considera necessárias.

Nathan Palafoz e Rafael Vaz

Atletas do Avaí no Campeonato Brasileiro do ano passado, o atacante Nathan Palafoz e o zagueiro Rafael Vaz também estão associados ao esquema, mas, até aqui, apenas como citados em conversas de WhatsApp de apostadores investigados pelo MPGO.

O nome do primeiro deles foi revelado por reportagem do ge. Atualmente no futebol da Lituânia, Nathan teria recebido R$ 15 mil para levar um cartão amarelo no empate em 1 a 1 do Avaí com o Athletico-PR em 11 de setembro de 2022, válido pela 26ª rodada do Brasileiro.

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O valor teria sido pago antes da partida, conforme indica um comprovante bancário que aparece nas conversas, mas o jogador acabou não sendo amarelado no confronto, em que entrou aos 28 minutos do segundo tempo e sequer cometeu faltas. Sem cumprir o acordo, ele devolveu o dinheiro recebido anteriormente, ainda segundo mostram os prints dos investigados.

Ao ge, o agente do jogador disse desconhecer o caso.

Já o nome de Rafael Vaz, hoje no São Bernardo (SP), foi revelado pelo jornal O Globo, que também teve acesso a conversas dos apostadores investigados. Ele aparece como um cooptado “mais ou menos certo” para estar a serviço do esquema em um rodada do Brasileiro em outubro do ano passado.

Em posicionamento pelo Instagram, Rafael Vaz afirmou ter sido contatado por um apostador, mas que recusou prontamente a oferta. Disse ainda estar à disposição para colaborar com as investigações.

Raphael Rodrigues e Didi

Outro nome do Avaí que aparece no esquema é o do zagueiro Raphael Rodrigues, afastado do clube após o caso vir à tona. A citação dele também foi revelada pelo jornal O Globo.

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O defensor avaiano está em um planilha dos apostadores investigados com uma lista de jogadores que receberiam valores pela participação no esquema. Consta que Raphael receberia R$ 25 mil de sinal e, se consolidados os ganhos dos criminosos, um valor total de R$ 60 mil.

O Avaí comunicou a suspensão preventiva do contrato do atleta.

No dia à citação de Raphael ter sido revelada, o ge mostrou que o zagueiro avaiano Vinícius José Ignácio, o Didi, também aparece nas investigações da Operação Penalidade Máxima.

Ele aparece nos registros obtidos pelo MPGO conversando com um dos suspeitos de aliciamento do esquema em novembro do ano passado, quando atuava pelo Bahia. Na troca de mensagens, o atleta mostra estar ciente sobre a manipulação e diz, empolgado com o “papo de milhões”, que faria uma aposta casada envolvendo os jogadores cooptados para levar cartão amarelo.

O Avaí deixou de relacionar o jogador para a partida seguinte à revelação do suposto envolvimento dele, nesta sexta (12). Já Didi não se manifestou.

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Nathan

Outro nome levantado pela investigação e também revelado pelo jornal O Globo é o do meia-atacante catarinense Nathan, natural de Blumenau e atualmente no Grêmio.

À época jogador do Fluminense, emprestado pelo Atlético-MG, Nathan teria sido cooptado pelo esquema para sofrer um cartão amarelo em partida do time carioca contra o Fortaleza em 10 de setembro do ano passado, também pelo Brasileirão. Em troca, ele receberia R$ 70 mil, segundo indicam conversas de WhatsApp obtidas pelo MPGO e reveladas pel’O Globo.

A fraude teria sido frustrada, no entanto, pelo técnico Fernando Diniz, alheio ao esquema e que “meteu o louco”, segundo os investigados. O treinador do Fluminense teria prometido a Nathan ao longo da semana anterior ao jogo que ele seria titular, mas sacou o meia-atacante do time em cima da hora.

Nathan e o Grêmio não se posicionaram sobre o caso.

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