Uma sigla bem pequena, mas que assusta muito: o HIV, como é conhecido o Vírus da Imunodeficiência Humana, é uma doença que ainda causa muita confusão em quem recebe o diagnóstico ou está percebendo alguns de seus sintomas. O que é o HIV? Qual a diferença entre HIV e Aids? Essas e outras perguntas são bastante comuns, especialmente por serem doenças muito associadas ao sexo.
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As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são grandes tabus em nossa sociedade, o que dificulta o acesso à informação e faz com que, ainda hoje, o HIV e a Aids sejam problemas de saúde pública no país: segundo dados do Ministério da Saúde, houve um aumento de 17,2% nos casos entre os anos de 2020 e 2022.
A infectologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Fernanda Arns de Castro, explica:
— Quanto menos se fala, menos conscientização sobre as formas de prevenção temos e maior é o preconceito, o que dificulta o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento, além de aumentar os sentimentos de culpa e de vergonha de quem vive com HIV.
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O que é o HIV
HIV é o nome dado a um retrovírus que ataca o sistema imunológico, comprometendo a capacidade do organismo de combater doenças e infecções. As células mais atingidas pela infecção são os linfócitos T CD4+, e o vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo, multiplicando-se e ampliando o alcance da doença, enfraquecendo o sistema imune.
Transmitido principalmente por meio do contato com fluidos corporais (sangue, esperma, secreções vaginais e leite materno), o HIV é transmitido, em especial, pelas relações sexuais sem proteção, pelo compartilhamento de agulhas contaminadas, e também de mãe para filho, durante a gestação, parto ou amamentação.

Diferença entre HIV e Aids
Se não tratado, o HIV pode evoluir para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, ao longo da última década, mais de 52 mil jovens de 15 a 24 anos com HIV desenvolveram a doença. Essa evolução ocorre, de acordo com a infectologista, devido ao enfraquecimento do organismo, que se torna suscetível a outras infecções.
— É importante lembrar que um paciente em estágio de Aids, ao realizar o tratamento correto pode melhorar sua defesa e sair desse estágio — completa a infectologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau.
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Atualmente, não existe uma cura definitiva para o HIV, mas a infecção pode ser controlada eficazmente com tratamento antirretroviral (TAR), que ajuda a suprimir a replicação do vírus, preservando a função imunológica e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
A prevenção do HIV envolve práticas seguras durante a atividade sexual, o uso de preservativos, o compartilhamento seguro de agulhas e, em casos específicos, a administração de medicamentos antirretrovirais como profilaxia pré-exposição (PrEP) para pessoas em situações de maior risco. O entendimento do HIV, seus modos de transmissão e estratégias preventivas são essenciais para lidar eficazmente com essa infecção globalmente significativa.
Quais os sintomas de HIV
O HIV é uma doença bastante silenciosa: em muitos casos, não apresenta sintomas e, em alguns pacientes, se manifesta por meio de mal-estar, febre, cansaço, dor de cabeça e gânglios pelo corpo. Os primeiros sintomas costumam aparecer de duas a quatro semanas após a infecção, mas, por serem muito semelhantes aos de uma gripe ou virose, nem sempre a doença é a primeira opção de diagnóstico.
Os sintomas são parecidos em pacientes do sexo feminino e masculino. É comum que a pessoa infectada tenha quadros frequentes de diarreia, perca peso rapidamente, e comece a ter gripes, sinusite, rinite, pneumonia, herpes simples (na boca) e herpes zoster (na pele). Isso ocorre devido ao enfraquecimento do sistema imunológico que, com baixa defesa, acaba permitindo que doenças oportunistas se desenvolvam.
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Quando devo procurar um teste
Conforme a infectologista, todas as pessoas que têm vida sexual ativa sem uso de preservativo devem se testar, pois quanto mais precoce o diagnóstico, melhor.
— O diagnóstico do HIV é feito por meio de exames, que podem ser o teste rápido com sangue ou saliva, e exames de sangue, como o exame do anti-HIV. A frequência da testagem varia conforme o número de parceiros ao longo do ano, mas, idealmente, todos devem testar ao menos uma vez no ano — destaca Fernanda Arns.
Se, ao fazer o teste, a pessoa receber um diagnóstico positivo, o próximo passo é buscar atendimento especializado com um médico infectologista ou a central de atendimento mais próxima para iniciar o acompanhamento. O HIV não tem cura, mas, por meio do tratamento, é possível ter qualidade de vida.
— Ao se descobrir com HIV, é importante respirar com calma e estar ciente de que o diagnóstico não é uma sentença. É possível manter os sonhos e planos apesar do diagnóstico. É também necessário estar atento às maneiras de prevenção e testagem regular — finaliza Fernanda.
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O Hospital Santa Catarina de Blumenau é referência no Estado e conta com uma equipe de especialistas em diversas áreas da medicina. Fundado em 1920 pela Comunidade Luterana do município, o hospital possui hoje 152 leitos de internação em uma área de mais de 21 mil metros quadrados. O HSC possui infraestrutura de CT, UTI neonatal e pediátrica, clínica de saúde mental, salas cirúrgicas e uma equipe que chega a mil colaboradores.
Reportagem por Natália Huf