Ao menos quatro dos 16 prefeitos presos durante as quatro fases da Operação Mensageiro — considerado um dos maiores escândalos de corrupção de Santa Catarina — renunciaram ao cargo nos últimos sete meses. Já outros dois chefes do executivo tiveram seus mandatos extintos pelas Câmaras municipais.

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A primeira renúncia ocorreu em 3 de julho em Itapoá. Preso preventivamente desde dezembro de 2022, Marlon Neuber deixou o cargo após a publicação do termo de renúncia no Diário Oficial do município. O vice, Jeferson Garcia (MDB), que já estava atuando como interino, assumiu o executivo municipal.

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Marlon se tornou réu na operação em abril deste ano. Ele foi denunciado 20 vezes pelo crime de corrupção passiva no esquema considerado o maior escândalo de corrupção do Estado. Em audiência de instrução ocorrida no final de maio, o ex-prefeito confirmou o recebimento de propina da empresa investigada a Serrana Engenharia. Segundo ele, os pagamentos teriam ocorrido entre 2017 e 2022 e chegaram a R$ 460 mil ao longo de todo o período, conforme cálculos próprios.

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Já o prefeito de Tubarão, preso em fevereiro durante a terceira fase da operação, deixou o cargo em 10 de julho. No documento, entregue à Câmara de Vereadores do município, Joares Ponticelli relembrou a trajetória na política e afirmou que espera “ao final desse doloroso processo, provar minha inocência”.

Além dele, o vice-prefeito Caio Tokarski também renunciou ao cargo. Com isso, o presidente da Câmara, Jairo dos Passos Cascaes assumiu o executivo até que novas eleições sejam realizadas no município.

O terceiro prefeito a renunciar o cargo foi Deyvisson Souza de Pescaria Brava. Em 11 de julho, ele enviou à Câmara de Vereadores uma carta anunciando a decisão. O pedido era para que a Câmara reconheça a solicitação por motivo de foro íntimo.

Com a renúncia, os processos penais contra ele passam a tramitar na primeira instância por conta da perda do foro privilegiado. O vice-prefeito, Lourival Isidoro (PP), foi quem assumiu o executivo.

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Em 13 de julho, o prefeito de Capivari de Baixo, Vicente Correia Costa, também anunciou a renúncia em documento encaminhado à Câmara de Vereadores. Conforme a defesa de Costa, a decisão partiu do próprio prefeito por acreditar que a decisão trará segurança jurídica e administrativa ao município. 

Com a decisão, a vice-prefeita Márcia Roberg Cargnin (PP) assumiu a prefeitura. Ela já atuava interinamente na função desde fevereiro, quando Vicente foi preso na 2ª fase da Operação Mensageiro.

Mandados extintos

Outros dois prefeitos presos na Mensageiro tiveram os mandatos extintos nas últimas semanas. O primeiro foi Luiz Henrique Saliba (PP) de Papanduva em 6 de junho. A decisão, publicada por meio de portaria da Câmara dos Vereadores, ocorreu em cumprimento à sentença condenatória de outro processo no qual o prefeito era réu, que já foi julgado. As denúncias são referentes a Operação Patrola, que apurou o superfaturamento na compra de um veículo, com o objetivo de receber propina. Saliba foi condenado a prisão em regime semiaberto.

Já na Operação Mensageiro, Saliba foi denunciado pelo Ministério Público por corrupção passiva, já que teria recebido R$ 400 mil em propina, que teriam sido pagas, inclusive, em encontros marcados próximos à Igreja Matriz do município.

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Em eleição que ocorreu de forma indireta, Jeferson Chupel (PSD), conhecido como “Jefinho”, foi escolhido como novo prefeito da cidade. A vice será Marli de Luca (Progressistas). A decisão ocorreu em 7 de julho.

Presidente da Câmara de Vereadores de Papanduva, Jeferson estava temporariamente no cargo desde a prisão de Saliba e a renúncia de Ianskosk. A vice-prefeita eleita também é vereadora.

O prefeito de Balneário Barra do Sul, Antônio Rodrigues, também teve o mandato extinto pela Câmara de Vereadores em 19 de junho. Preso em dezembro do ano passado, ele es tinha pedido licença do mandato por 180 dias, prazo que venceu no último mês.

Com a extinção do mandato, o vice-prefeito, Valdemar Barauna da Rocha, assumiu a gestão municipal.

As fases da Operação Mensageiro

Primeira fase 

A primeira fase da Operação Mensageiro foi deflagrada em 6 de dezembro de 2022. Nesta etapa foram cumpridos 15 mandados de prisão preventiva e 108 de busca e apreensão nas regiões Norte, Sul, Vale do Itajaí e Serra. 

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Segunda fase  

Deflagrada em 2 de fevereiro deste ano, na segunda fase foram cumpridos quatro mandados de prisão e 14 de busca e apreensão no Sul e na Serra catarinenses. Ela foi um desdobramento das provas colhidas com as primeiras prisões, em dezembro de 2022. 

Principais alvos:  

  • Antônio Ceron, prefeito de Lages 
  • Vicente Corrêa Costa, prefeito de Capivari de Baixo  

Terceira fase 

Essa etapa foi deflagrada em 14 de fevereiro deste ano. Ao todo, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão, todos em cidades do Sul de SC. 

Principais alvos:  

  • Joares Ponticelli, prefeito de Tubarão  
  • Caio Tokarski, vice-prefeito de Tubarão 

Quarta fase 

Foi deflagrada na última quinta-feira, dia 27 de abril, com o cumprimento de 18 mandados de prisão e 65 de buscas nas regiões Sul, Planalto Norte, Alto Vale e Vale do Itapocu. As ações ocorrem em Massaranduba, Imaruí, Três Barras, Gravatal, Guaramirim, Schroeder, Ibirama, Major Vieira, Corupá, Bela Vista do Toldo, Braço do Norte e Presidente Getúlio. 

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Principais alvos: 

  • Luiz Carlos Tamanini (MDB), prefeito de Corupá 
  • Adriano Poffo (MDB), prefeito de Ibirama 
  • Adilson Lisczkovski (Patriota), prefeito de Major Vieira 
  • Armindo Sesar Tassi (MDB), prefeito de Massaranduba 
  • Patrick Correa (Republicanos), prefeito de Imaruí 
  • Luiz Shimoguri (PSD), prefeito de Três Barras 
  • Alfredo Cezar Dreher (Podemos), prefeito de Bela Vista do Toldo 
  • Felipe Voigt (MDB), prefeito de Schroeder 
  • Luis Antonio Chiodini (PP), prefeito de Guaramirim

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