Carros alugados viraram alvo de um novo golpe praticado por quadrilhas em todo o Brasil. Os veículos são retirados normalmente nas locadoras, com apresentação de cartão de crédito e CNH, mas depois acabam revendidos com documentação falsa ou usados para cometer outros crimes. Uma brecha na lei facilita a prática: os casos não são enquadrados como furto ou roubo, mas apenas como apropriação indébita, então os automóveis conseguem passar por blitz, barreiras e radares eletrônicos sem chamar a atenção da polícia. Enquanto isso, as locadoras continuam pagando multas e IPVA para não ficarem inadimplentes na Receita Federal.
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Detalhes do golpe foram exibidos neste domingo no "Fantástico", da Rede Globo, com produção e reportagem de Pedro Rockenbach. O programa mostrou vídeos compartilhados em redes sociais dos próprios golpistas, que protagonizam cenas de deboche e ostentação com o dinheiro conquistado ilegalmente.
Segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis, a fraude já provocou 9 mil casos de apropriação indébita nos últimos 12 meses. A média é de quase 25 carros por dia.
Locadora de SC foi vítima do golpe
Entre as vítimas está uma locadora de veículos de Santa Catarina. Depois que um dos automóveis foi levado pelos golpistas, o dono da locadora localizou o veículo a partir do rastreamento. Para a surpresa do empresário, o carro estava em um posto policial em Puerto Suárez, na Bolívia, perto da fronteira com o Brasil. O veículo não havia sido recuperado, mas revendido para algum funcionário que comprou sem saber da origem ilegal.
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—Acertamos um valor de R$ 3 mil para ele me devolver o carro — contou o empresário catarinense à reportagem.
A reportagem revelou ainda que o destino dos carros levados das locadoras é diverso. Em alguns casos, os veículos foram identificados na prática de furtos e roubos. Há também registros de carros usados para transportar drogas. As quadrilhas chegam a negociar a revenda ilegal para outras quadrilhas.
—Eles são sempre locados em aeroportos e transferidos no Estado de origem com documentação falsa. Falsificam o contrato social da locadora para essa primeira transferência. Quando vai para outro Estado, outro laranja, eles já acabam utilizando toda a documentação falsa de novo — explicou a delegada da Polícia Civil do Espírito Santo Rhaiana Bremenkamp ao Fantástico.
Foi no Espírito Santo que um dos criminosos que ostentava nas redes sociais acabou preso pelo golpe. Como a pena por apropriação indébita é baixa, a acusação não basta para garantir a prisão. Nesses casos, as investigações trabalham para comprovar a prática de outros crimes, como estelionato, associação criminosa ou roubo.
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