Suspeitos de receptação, pelo menos três policiais militares acabaram envolvidos em um esquema de roubo e clonagem de carros em Santa Catarina. Um deles foi preso em flagrante a caminho do trabalho nesta segunda-feira à noite, em Itapema. Ele dirigia um Honda New Civic com placas clonadas e documentos falsos, adquirido por um valor quatro vezes mais baixo do que o disponível no mercado.

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O veículo está entre os mais de 30 automóveis clonados e apreendidos desde que iniciada uma operação da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), há quatro meses. Os carros ilegais estariam sendo vendidos pela quadrilha há mais de um ano em cidades do litoral catarinense e já foram presas 10 pessoas envolvidas no esquema, entre receptadores, assaltantes e falsificadores de documentos. A investigação ainda está em andamento e não tem data para ser finalizada.

Estima-se que o lucro dos responsáveis pelos crimes seja de R$ 200 mil em menos de um ano. Um outro policial militar já havia sido preso, também com um veículo clonado, na sexta-feira, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Ele dirigia um Vectra ano 2011, roubado no Rio Grande do Sul. Em depoimento, o suspeito disse que outro PM, já procurado pela Deic, teria comprado e emprestado o automóvel para ele.

Segundo o delegado da Divisão de Furtos e Roubos da Deic, Raphael Souza Werling de Oliveira, os policiais presos não fariam parte da quadrilha, mas teriam consciência de que adquiriam veículos roubados.

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– Ele comprou um Honda Civic, que custa cerca de R$ 80 mil, por um valor quatro vezes mais baixo. É claro que ele sabia o que estava fazendo – afirmou.

A articulação das clonagens iniciava com o roubo dos veículos por menores de idade no litoral. Depois, outros integrantes do bando fariam a mudança na identificação dos carros, providenciando os documentos falsos.

– É muita gente envolvida. Não tenho como precisar todos que compraram os veículos. Vamos demorar para terminar a procura – antecipou o delegado.

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O policial preso em flagrante na noite de segunda-feira é de Itajaí e está sob a custódia da Polícia Militar. Além do carro clonado, ele carregava entorpecentes em uma mochila e deve ser indiciado por tráfico de drogas, uso de documentação falsa e receptação qualificada.

O esquema e a posição da Polícia Militar

Os carros são roubados, têm todos os parâmetros de identificação trocados – chassi, placas, documentos – e revendidos por preços muito abaixo do cobrado pelas concessionárias. Na mira dos articuladores do esquema criminoso estão automóveis de alto valor, como Honda Civic, C4 Pallas e Toyota Corolla, todos com preço acima de R$ 60 mil.

– Não há um líder, mas cada um tem uma função dentro do esquema: um rouba, outro falsifica, outro vende – explicou o delegado Raphael Souza Werling de Oliveira.

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A Polícia Militar diz apoiar plenamente o trabalho da Polícia Civil. O major João Carlos Neves, da comunicação social da PM, informou que deve se seguir o que manda a Justiça e os dois policiais já detidos continuarão afastados do trabalho e presos no 1º Batalhão da Polícia Militar, em Itajaí.

– Estamos acompanhando todos os passos da operação e somos guiados pela missão de tirar esse pessoal do trabalho da polícia – disse o major.