Uma quadrilha formada por policiais civis da região de Lages e do Meio-Oeste foi desarticulada nesta segunda-feira, em Lages. São pelo menos três policiais já identificados e suspeitos de corrupção passiva, associação criminosa e roubo qualificado. As qualificadoras são uso de arma e concurso de pessoas. Os três tem mais de 40 anos de idade e trabalham na área de investigação.
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A Polícia Civil tem indícios de que o grupo atua há pelo menos três anos com um modus operandi específico: o de extorquir motoristas durante vistoria dos veículos, em troca da não apreensão dos carros supostamente irregulares. As vistorias de responsabilidade da Polícia Civil eram feitas no pátio de uma delegacia de Lages. O envolvimento de funcionários do Detran no esquema não está descartado pela polícia.
Um dos policiais suspeitos de participação na quadrilha e que trabalha na 2ª DP de Lages foi preso em flagrante na tarde desta segunda-feira, por colegas policiais e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A prisão ocorreu com base em informação repassada pelo setor de inteligência da Polícia Civil. A prisão ocorreu na oficina mecânica de propriedade da vítima, que pagou R$ 1 mil para o policial não apreender seu carro, um EcoSport. O policial teria dito à vítima que o veículo estava irregular.
De acordo com o delegado da Central de Polícia de Lages que fez o flagrante, Rafael Bellinati, o carro estava em situação regular. Conforme Bellinati, a vítima contou que foi ameaçada pelos três policiais para pagar R$ 1 mil a cada um e ainda entregar o EcoSport em troca de não ser preso.
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A quadrilha ficou com o veículo para supostamente revendê-lo, mas o carro ainda não foi encontrado. As investigações continuam e devem resultar em novas prisões.
Policial não entregou os comparsas
No momento da prisão, o policial suspeito tentou argumentar e justificar que havia caído num golpe, mas na delegacia, durante o flagrante, acabou confessando. Ele assumiu o crime e disse que atuou sozinho. Em nenhum momento revelou a participação dos comparsas, que já haviam sido identificados nas investigações.
Na delegacia, o policial detido e que tem mais de 20 anos de profissão ficou muito envergonhado.
– Foi difícil prender um colega com quase o dobro da minha idade. É uma dor grande cortar na própria carne, mas é para o nosso próprio bem. Também é uma satisfação dar uma resposta à sociedade – contou o delegado Rafael Bellinati, que tem 29 anos de idade.
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Conforme Bellinati, boatos sobre a atuação do grupo circulavam entre a classe. E algumas tentativas de prisão em flagrante ocorreram, mas não foram bem sucedidas. O grupo era monitorado há um ano.
O policial preso chorou na delegacia, momentos antes de seguir viagem para Florianópolis, onde ficará detido na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).