Em 1912, quando completou o primeiro centenário, Pelotas ganhou uma revista, em estilo almanaque, de João Simões Lopes Neto, um de seus filhos mais ilustres.
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Agora, para homenagear os 200 anos da cidade do sul do Estado, um grupo de pesquisadores repete a ideia e monta o Almanaque do Bicentenário. O volume inicial será pré-lançado no domingo e apresentado oficialmente na terça-feira.
Financiado pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC), este primeiro livro terá 336 páginas, sendo 118 destinadas a recuperar a obra de Simões Lopes. Peça raríssima – apenas dois colecionadores possuem o material -, o almanaque de 1912 será totalmente recuperado e pela primeira vez mostrado ao público. A tiragem de mil exemplares será encaminhada a bibliotecas, escolas e outros órgãos de acesso ao público. Além das imagens originais e do texto de Simões Lopes, o volume inicial terá participações do professor da Faculdade de Filosofia Luís Rubira, do pesquisador Adão Monquelat, escrevendo sobre o charqueador João Cardoso, e de outros conhecedores dos primórdios pelotenses.
– Impressiona mesmo a quantidade de fotografias e anúncios da época, que recuperamos graças ao trabalho de Guilherme Almeida. Pelos anúncios publicitários, cartões-postais e costumes, é possível notar que Pelotas era bastante vanguardista – comenta Rubira.
Ele se refere aos anúncios da Sociedade Protetora dos Animais, que já pregavam a defesa dos animais de forma bastante incisiva, e também aos critérios abolicionistas e republicanos de Simões Lopes para escolher os personagens citados no almanaque.
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Ao todo, serão apresentadas ao público 212 imagens raras da Pelotas do século 19. Um trabalho iconográfico foi feito e recuperou nomes de ruas, comércios e localidades da época. A virtude está justamente no ineditismo do material, que tornará ainda mais fácil a compreensão deste importante período da história do Rio Grande do Sul.
– Entre as raridades, encontramos, em biblioteca da Suíça, cartões-postais de Pelotas escritos em francês – comenta Rubira.
Os próximos dois volumes terão o mesmo estilo do almanaque simoneano. Eles serão divididos em fascículos e contarão a história de 1912 a 2012. Na primeira parte, até 1962, haverá uma recuperação histórica e arquitetônica do município. A segunda apresentará um inventário crítico da chamada “perda e declínio arquitetônico” das últimas décadas. A ideia dos autores é concluir o material até o final de 2013. Além de um corpo de 30 colaboradores, o almanaque será escrito por conhecedores do estilo de Simões Lopes.
Orçados em cerca de R$ 600 mil, os três volumes terão apoio de empresas por meio de renúncia fiscal. O primeiro livro foi apoiado pela Josapar, o que deverá facilitar a obtenção da verba restante.
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