A condescendência com Marina Silva (PSB) chegou ao fim. A escalada da ambientalista nas pesquisas para a Presidência forçou uma guinada nas estratégias de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), e a tentativa de desconstrução da imagem da concorrente já começou.
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A curta experiência como gestora (cinco anos no Ministério do Meio Ambiente), as divergências com setores da indústria e do agronegócio e as posições conservadoras em relação a temas de comportamento formam o arsenal contra a ex-senadora. Segundo um integrante do comitê de Dilma, a ideia é fazer o leitor “entender que Marina não tem sustentação política e experiência para governar”.
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A tática foi definida em reuniões realizadas nos últimos dias, motivadas pelo resultado da pesquisa Ibope de terça-feira, na qual Marina deixou Aécio para trás e venceria Dilma no segundo turno. PT e PSDB decidiram aumentar o tom das críticas à ambientalista, poupada de ataques logo após a trágica morte de Eduardo Campos.
Os melhores índices de cada um
Na internet, os rivais já exploram a suspeita de fraude na compra do jato de Campos e a relação próxima da ex-senadora com Neca Setubal, uma das herdeiras do banco Itaú. No PT, a militância ganhou a missão de vincular o discurso de renegar alianças aos de Fernando Collor e Jânio Quadros, presidentes que não terminaram os mandatos. A meta é apresentar Marina como “alternativa incerta”, a exemplo do que Aécio fez na quarta-feira.
– O Brasil não é para amadores. A complexidade dos problemas que temos pela frente demanda experiência e quadros – afirmou.
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A estratégia tucana procura reforçar a fama de bom gestor de Aécio, ex-governador de Minas Gerais, que promete reduzir pela metade o número de ministérios e cortar em um terço os cargos de confiança. Dilma tentará uma campanha menos focada nos feitos atuais e mais propositiva, uma vez que Marina é considerada abstrata demais nas suas manifestações.
Eleitorado de ex-ministra é jovem, evangélico e classe média
Marina agrada a jovens, a famílias de classe média e ao eleitor mais escolarizado e de grandes centros. E ainda dispõe da preferência dos evangélicos, segundo os dados das pesquisas recentes.
Para o analista político Carlos Borenstein, o perfil do eleitorado da ambientalista engloba com maior precisão a parcela da população que protestou nas ruas em 2013. Casamento que personifica em Marina, ao menos por enquanto, a “cara da mudança”.
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– É um eleitor insatisfeito com o modo atual de fazer política e que cobra serviços públicos mais eficientes. É nas grandes cidades que problemas na saúde, na segurança e na mobilidade aparecem mais. Já no Interior, é mais visível o impacto de programas sociais do governo – diz Borenstein.
O analista destaca que a força de Marina nos centros urbanos já havia sido registrada no primeiro turno de 2010, quando a então candidata do PV recebeu as maiores votações em três Capitais e ficou em segundo em outras 13.
O Datafolha divulgado na semana passada indicou a ambientalista mais forte entre jovens, eleitores com Ensino Superior e na faixa de renda de cinco a 10 salários míniminos (R$ 3,6 mil a R$ 7,2 mil).
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O cientista político Humberto Dantas ressalta ainda que Marina tem a menor taxa de rejeição entre os principais candidatos.