O líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), disse, na tarde desta segunda-feira, esperar que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, além de ser afastado do governo, seja preso. Para o parlamentar, o tom da conversa entre o peemedebista e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, evidencia uma tentativa de acelerar o impeachment da presidente Dilma Rousseff e abafar o andamento da Operação Lava-Jato, principalmente os alvos do PSDB e PMDB.

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Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou, nesta segunda que, em uma conversa com o ex-presidente da Transpetro, Jucá sugere a existência de um pacto para obstruir a operação Lava-Jato e diz que é preciso “estancar a sangria”. O PSOL decidiu protocolar nesta tarde uma representação junto à Procuradoria Geral da República (PGR) com pedido de prisão preventiva por atrapalhar as investigações da Justiça.

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Valente disse que o conteúdo da gravação é uma “verdadeira bomba atômica”, que mostra que toda a cúpula do PMDB e possivelmente o PSDB do senador Aécio Neves (MG) “têm muito a prestar contas à sociedade”. O líder do PSOL acredita que é o caso de se fazer uma analogia com o ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), preso por tentativa de obstrução à Justiça.

A expectativa do líder é que o Supremo Tribunal Federal (STF) dê uma resposta à altura porque Jucá também mencionou ministros da Corte.

— Isso deve irritar muito os ministros do STF. Eles são os fiadores da Lava-Jato — declarou.

O deputado ressaltou que a “sangria” ao qual se referiu Jucá é, na verdade, a sangria política provocada pelo vazamento da gravação e que os argumentos apresentados por Jucá são frágeis. Valente afirmou que a cúpula do poder que se instalou no governo tem “podridão grande”, o que será uma decepção para quem apostou que a corrupção acabaria com o impeachment de Dilma.

O líder do PSOL disse que o próprio presidente em exercício Michel Temer deve estar com “muito medo” dos desdobramentos do vazamento, já que Jucá virou um articulador do “golpe” e alguém “poderoso na política econômica”. Ele considera que a partir de agora vai crescer o “fora Temer”.

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A gravação, disse Valente, mostra toda a “ilegitimidade” política do governo Temer.

— As gravações mostraram que todo o processo de impeachment foi contaminado por articulações pretendendo livrar da Lava-Jato a cúpula do PMDB e do PSDB — concluiu.

Ele enfatizou que o processo de impeachment de Dilma ainda está em andamento no Senado e as revelações devem gerar pressão da sociedade civil sobre o Parlamento.

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*Estadão Conteúdo