Em 160 páginas de "A Arte de desaprender", o psiquiatra Ercy Soar reflete sobre umas das mais difíceis necessidades humanas: o desapego e abandono de crenças, fundamentalismos, supostas verdades arraigadas, hábitos consolidados ao longo de anos. O livro, editado pela Editora Insular, será lançado às 19h desta quarta-feira (4), na sede da Acate Downtown, na Rua Felipe Schmit, 835, no Centro de Florianópolis.

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Em entrevista a Mário Motta ao Notícia da Manhã desta quarta-feira, Soar destaca que desde a saída do útero materno o ser humano começa a desaprender:

— Nós aprendemos a ser quem somos nos dois primeiros anos de vida, até os cinco primeiros anos são aqueles anos fundamentais para a formação da personalidade, e passamos o resto da nossa vida desaprendendo boa parte disso. A criatividade que se aprende na infância tem que ser domada depois. Aprendemos durante 20 anos a ser um adulto e daqui a pouco temos que desaprender aquela paixão, aquela criatividade, a rebeldia que então tínhamos. E chegamos à idade madura aos 60 anos começando a ter que desaprender o que que é ser a criança que nós ainda trazemos dentro da gente, sem esquecer.

Exemplos não faltam. Hoje, a geração que o autor chama "de transição" precisou aprender a usar os meios digitais e deixar, por exemplo, de datilografar. Fumantes sabem o quanto é difícil desapegar de um vício. Crenças e fundamentalismos desafiam o ser humano durante toda a vida, desde o machismo e racismo herdado de antepassados ao medo da morte. E assim a reflexão flui pelas páginas de A Arte de Desaprender.

— O homem se apega a certezas. Temos de aprender a conviver com dúvidas.

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