Técnica em dia, tática ensaiada e disposição física em alta. Não basta as principais engrenagens do time estarem em pleno vapor se a cabeça dos atletas entrar em pane antes ou durante os jogos decisivos de uma final.

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Cuidar do equilíbrio mental, ensina a psicologia esportiva, pode ser tão importante quanto suar a camisa em campo e nos treinamentos. Para o Joinville, que tem a chance de quebrar um jejum de 13 anos sem títulos do Estadual nos próximos dois jogos contra o Figueirense, a regra não é diferente.

Na avaliação da psicóloga do esporte e exercício Andréa Duarte Pesca, que também é doutora em psicologia pela UFSC, a ansiedade às vésperas da decisão e a expectativa de trazer uma taça cobiçada há tanto tempo é uma combinação que pode desencadear situações de estresse em qualquer elenco.

Por outro lado, destaca a psicóloga, a chave para a vitória pode estar no equilíbrio emocional e na capacidade de transformar a pressão em motivação.

– Se a equipe está unida e todos se sentem autoeficazes, acreditando que conseguem vencer, com controle da ansiedade e do emocional, esse vai ser o diferencial – avisa.

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O raciocínio da psicóloga não é só fruto da teoria. Andréa já atuou nos bastidores de outro grande rival do JEC: por quase uma década, a especialista acompanhou jogadores do Avaí.

Da experiência de lidar com os atletas em horas decisivas, ela sugere as chamadas “estratégias psicológicas”. Uma delas é a mentalização. Trata-se de exercícios voltados aos atletas que dedicam concentração total à partida, visualizando mentalmente jogadas que esperam poder repetir em campo. Já em relação aos esportistas que se esgotam quando focam apenas no confronto, a receita é diferente.

– Nesse caso, é preciso usar distração, sair do foco jogo. Aí se trabalha com interações com a família, música e reportagens de outras áreas – aponta.

Confira a entrevista com a psicológa do esporte e do exercício Andréa Duarte Pesca:

A Notícia – Até que ponto o lado emocional faz a diferença numa decisão?

Andréa Duarte Pesca – Cientificamente e na prática, comprovamos que a preparação psicológica hoje é o diferencial de muitos times e atletas. Em se tratando de uma final, mais ainda. Técnica eles têm, disposição física e tática também. Se a equipe está unida e todos se sentem autoeficazes, acreditando que conseguem vencer, com controle da ansiedade e do emocional, esse vai ser o diferencial.

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AN – O estresse em uma partida decisiva é maior do que numa partida normal?

Andréa – Depende de como cada um vai responder, é uma questão individual. O nível de ansiedade é elevado porque a expectativa é muito grande. Por mais que se saiba trabalhar, é levada em conta a expectativa dos torcedores. O emocional, se for controlado, mantém o nível equilibrado numa final. Mas as equipes que não sabem lidar com isso chegam na final com um índice de estresse elevado.

AN – Jogar em casa, com o estádio lotado, pode também gerar uma pressão contrária?

Andréa – O Joinville é um time muito motivado ao jogar em casa. Tem uma torcida família, que apoia. Isso é positivo. Mas pode ficar negativo quando o time não consegue lidar com a expectativa do torcedor. O que vai determinar é a maneira como se conduzem os pensamentos. Mas acredito que tem tudo para ser positivo.

AN – A pressão por causa dos 13 anos que o Joinville não vence o Estadual atrapalha?

Andréa – Pode atrapallhar. A pressão é maior, a expectativa é maior. São mais duas finais sem vencer (2006 e 2010). Há uma expectativa grande dos torcedores e do clube. Isto pode se tornar negativo se a equipe enxergar a expectativa como negativa. Mas dá para se apropriar da mesma situação e transformá-la numa questão de incentivo e motivacional.

AN – Numa eventual derrota na primeira partida, é possível mimimizar o abalo psicológico?

Andréa – Claro que é. Porque aí se trabalha o poder de superação. Trabalham-se aspectos psicológicos de determinação, persistência, caractéristicas essenciais. Isso é muito nítido no tênis, quando os tenistas viram o jogos após perder um ou

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