“O ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa conta que durante sua gestão teve 85% de rejeição e foi considerado “inimigo público no 1 da Colômbia”. Descontado certo exagero, conclui que se mesmo assim conseguiu fazer as reformas urbanas que lhe renderam tantos prêmios pelo mundo afora é porque teve autonomia para realizá-las. Aqui, o prefeito que atingisse índices tão baixos imediatamente convocaria seu marqueteiro e trataria de reverter a situação.
Continua depois da publicidade
Ao se eleger, todo prefeito tem em mente sua carreira política e a administração municipal nunca será um fim em si mesma, mas somente um degrau para atingir o Planalto. Durante a campanha política ele apresenta propostas excelentes, mas depois de eleito quase nada sai do papel e somente aqueles projetos que beneficiam seus apoiadores de campanha são levados adiante, permitindo assim que o “caixa dois” dos partidos seja abastecido com o superfaturamento das obras. E só mudaremos essa realidade com reforma política e financiamento público de campanha. Caso contrário, nunca acabaremos com a corrupção, nem a saúde, a educação e os serviços públicos receberão os investimentos que necessitam. Como também nunca teremos uma reforma urbana nos moldes colombianos, pois nem mesmo o novo Plano Diretor conseguimos aprovar sem que ocorressem tentativas de boicote.
Enquanto o famoso “caixa dois” de campanha continuar a ser abastecido pela iniciativa privada, a administração pública continuará sendo pautada pelos grupos econômicos. A OAB entrou com uma ação de inconstitucionalidade contestando a doação de empresas a partidos e candidatos e já tem quatro votos a favor. Se as doações forem derrubadas, o assunto vai para o Congresso, quando então será a hora do povo voltar às ruas para pressionar.“