A nova direção do PSDB, que será comandado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) a partir deste sábado, vai criar situações de superexposição do mineiro na máquina de comunicação partidária. A ideia é que o provável candidato à Presidência em 2014 seja o protagonista de todas peças publicitárias a partir de agora, sem rivalizar com outros dirigentes partidários.
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O próprio Aécio anunciou na sexta-feira que, a partir de julho, começa a rodar o país e fará viagens quinzenais para montar o programa de governo do partido. Em outra frente, o PSDB quer impedir a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, de fazer pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e televisão no ano eleitoral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Aliado de Aécio, o deputado Marcus Pestana (MG) apresentou na sexta-feira projeto de lei que proíbe os pronunciamentos no ano do pleito em casos que não sejam considerados de “urgência”. O argumento é que a presidente pode usar a máquina para autopromoção e fazer campanha.
A eleição de Aécio à presidência do partido será neste sábado, em convenção partidária em Brasília. São esperadas as presenças do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador Geraldo Alckmin e do ex-governador José Serra. A presença dos paulistas, segundo aliados de Aécio, será um sinal de pacificação com os “serristas”.
– O partido está vivendo um ótimo momento de unidade, de solidariedade. Não me lembro desde a fundação do partido de outro momento de tanta convergência em torno de um projeto, independente de nome, de candidatura – disse Aécio na sexta-feira.
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Caravanas confirmadas
As “caravanas tucanas”, afirmou Aécio, serão o “reencontro do PSDB com os brasileiros”. Entre 1993 e 1996, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou as “Caravanas da Cidadania”, percorrendo 359 cidades em 26 Estados com o objetivo de aprofundar os conhecimentos dos políticos sobre a realidade brasileira.
– A ideia é que a partir de julho nós tenhamos pelo menos quinzenalmente uma agenda para mostrar o Brasil real, até para contrapor ao Brasil virtual, da propaganda. E mostrar experiências que deram certo, construir um programa que não sairá de um gabinete, mas dessas viagens – explicou o senador.
Pestana, que é presidente do PSDB em Minas, afirmou que a comunicação do partido passará a se concentrar em torno de Aécio.
– Vamos corrigir o que vínhamos fazendo para não termos uma difusão tão grande do ponto de vista dos personagens. Hoje temos pelo menos oito atores (presidenciáveis e dirigentes partidários), o que dificulta a criação de uma identidade partidária. O Lula amadureceu como representante do PT quando passou a ter toda a comunicação voltada para ele – comparou o deputado.
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Acordo com Serra e Alckmin
Em uma tentativa de atrair integrantes do PSDB paulista, Aécio entregará postos-chave da Executiva do partido para nomes indicados pelo governador Geraldo Alckmin e pelo ex-governador José Serra. Mas o senador tucano introduziu uma “trava de segurança” no acordo, segundo integrantes do partido ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo: em caso de afastamento ou ausência da presidência do partido, ele escolherá entre os integrantes do colegiado seu substituto.
O objetivo da composição foi fazer um gesto aos paulistas no momento em que Aécio precisa do apoio dos tucanos do maior colégio eleitoral do país para levar em frente o projeto de ser candidato à Presidência em 2014. Também ajuda a estancar a movimentação de Serra, que ameaça deixar o PSDB alegando não ter espaço na sigla. Por fim, o acordo também dá legitimidade e um discurso de unidade a Aécio para conduzir o PSDB.