Em disputa com o Centrão (PP, PSD, PR e PTB) pelo comando da Câmara dos Deputados, integrantes da cúpula do PSDB passaram a defender maior aproximação de seus deputados com a bancada do PMDB. A ideia é construir um acordo para a sucessão do presidente e deputado afastado Eduardo Cunha(PMDB-RJ) que valha tanto para um possível mandato tampão como também para o biênio 2017-2018.

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Os dois partidos contam com uma bancada de 107 integrantes, mas com potencial de chegar a mais de 140 com a participação do DEM e PPS. Nesta quinta-feira, integrantes dos três partidos vieram a público “rechaçar” a realização de um acordo para indicar um deputado ligado a Cunha para um eventual mandato tampão. Com um aliado no comando da Casa, o parlamentar afastado acredita que poderá se livrar da cassação.

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— É uma aberração. Não acho que esse tipo de acordo consiga juntar nem 50 deputados porque há uma maioria esmagadora pela cassação dele. É o tipo de negociação que não acredito que tenha respaldo dentro do próprio Centrão — afirmou o primeiro vice-líder do PSDB, deputado Daniel Coelho (PE).

— Não vi nenhuma liderança do DEM, do PSDB, do PPS defender algo nesse sentido. Não há essa hipótese — ressaltou o vice-presidente do DEM, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).

Racha

Um possível racha dentro do Centrão na disputa pelo comando da Casa também tem sido acompanhado de perto pela cúpula do PSDB. Uma reunião para afinar a estratégia dos partidos da antiga oposição deve ocorrer na próxima semana, com o objetivo de manter o grupo unido na disputa pelo comando da Casa. A ideia é também ratificar o distanciamento de Cunha, que também passou a ser visto como um problema pela cúpula do Palácio do Planalto.

O aprofundamento do mal-estar com a permanência do deputado no cargo foi externado na quinta-feira pelo líder do governo, deputado André Moura (PSC-CE). Ele defendeu ao Estado que, seja pela via da cassação do mandato ou pela renúncia, a instabilidade política na Casa não pode mais perdurar.

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— Tenho certeza de que passou da hora de encontrar a solução para o problema. Isso está prejudicando o país. Não temos mais alternativa — afirmou Moura.

As declarações do líder ocorreram apenas quatro dias depois de Cunha se encontrar com o presidente interino Michel Temer, no Palácio do Jaburu.

No rastro do líder do governo, o membro da Mesa Diretora da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), também reforçou na quinta-feira o discurso de que a permanência do parlamentar afastado possa ter reflexos na governabilidade. Primeiro-secretário da Casa, Mansur defendeu que o impasse provocado pela situação do peemedebista não pode continuar atrapalhando o andamento dos trabalhos legislativos, uma vez que a Casa não está funcionando sob o comando do presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA).

— É importantíssimo que a gente dê um basta nisso — pregou.

Reviravoltas

Pelas redes sociais, Cunha voltou a dizer que não pretende renunciar. Integrantes da Comissão de Constituição e Justiça devem votar o recurso contra o processo de cassação aprovado no Conselho de Ética no dia 12. Como a expectativa é de que a cassação chegue ao plenário só na véspera do recesso parlamentar, os deputados só devem julgar o futuro do peemedebista em agosto.

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