Após dois dias de indefinição e adiamentos por conta da má qualidade da água do rio Sena, as provas do triatlo foram realizadas nesta quarta-feira (31), o que evitou o que seria um vexame histórico para Paris-2024. Mesmo assim, a atividade teve polêmica. Vigésima colocada, a catarinense Djenyfer Arnold se disse frustrada pelo resultado e por imprevistos que aconteceram com ela, sobretudo, na largada.
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Quadro de medalhas de Paris 2024
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Em publicação no Instagram após a realização, Djenyfer mostrou um vídeo em que chega a abrir os braços ao ver a dinamarquesa Alberte Kjaer Pedersen pular na água antes do esperado, o que gerou um efeito dominó das demais atletas para os saltos iniciais. Além disso, ela ainda sofreu uma penalidade com a perda de 15 segundos.
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– Queria poder estar mais feliz, mas infelizmente estou com um sentimento de frustração. Sei o que sou capaz, sei o que eu treinei pra isso, mas não sei explicar o que aconteceu. Na verdade, tudo aconteceu. Um erro grotesco na saída por conta da organização, além disso uma punição de 15 segundos que eu nunca havia recebido na minha carreira – lamentou a atleta de 31 anos.
Para piorar, Djenyfer ainda ficou presa em uma boia na água, apertada entre outras competidoras, e teve dificuldade para lidar com a correnteza do Sena, já que não pôde fazer o reconhecimento. A partir de então, precisou fazer uma prova de recuperação na bicicleta e corrida.
Primeira treinadora de Djenyfer e amiga, Elinai Freitas valorizou a primeira participação olímpica da atleta. Mas admitiu que todos ficaram com a sensação de que “podia mais”.
– Sonho olímpico realizado. Feliz, mas com a sensação de que ela podia um pouco mais. Teve um início de prova meio conturbado, ela entendeu que seria uma largada falsa e isso pode ter comprometido. Mas ela é a 20ª do mundo e precisa se orgulhar desse feito – opina.
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Veja imagens do rio Sena e do triatlo olímpico
Outra brasileira presente no triatlo feminino, a cearense Vittória Lopes também teve má sorte. Ela chegou a estar no pelotão que liderava, mas sofreu uma queda enquanto pedalava. A forte chuva que caiu durante a madrugada em Paris deixou a pista de paralelepípedo escorregadia, o que fez com que várias atletas caíssem da bicicleta.
Problemas no rio Sena antes das provas
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, a Federação Internacional de Triatlo e as autoridades locais cancelaram os dois treinos previstos para serem realizados no Sena, de domingo (28) e segunda-feira (29), e adiaram a prova masculina por um dia.
A indefinição sobre a etapa de natação permaneceu até a madrugada desta quarta-feira, quando a última medição constatou que a balneabilidade era permitida. As atletas foram informadas às 4h (23h de Brasília) de que a prova na água estava confirmada. Elas tinham que estar na ponte Alexandre 3º às 5h30.
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É proibido nadar no Sena desde 1923 devido à má qualidade da água. O investimento na limpeza do rio custou 1,4 bilhão de euros (R$ 8,58 milhões), desde 2006, aos cofres públicos. Anne Hidalgo, prefeita de Paris, chegou a pular nas águas para mostrar que as águas estavam aptas.
Embora os empecilhos, as provas de triatlo foram uma atração à parte. Em uma cidade em que tudo é caro, o esporte proporcionou que qualquer pessoa pudesse acompanhar as provas, seja às margens do Sena ou por ruas de Paris, como a famosa avenida Champs-Élysées, com vista para a Torre Eiffel e para o Arco do Triunfo.
– Foi o principal motivo que a gente decidiu vir, acompanhar na rua o evento gratuito. faz diferente poder ver sem pagar o ingresso – conta a brasileira Heloiza Brod, que mora no Canadá e que viajou com o namorado Mike Gregory para Paris.
Fanáticos por provas de bicicleta, os europeus compareceram em massa para acompanhar o triatlo. Escalavam muros e janelas para terem visão privilegiada. E alguns até levaram pequenas escadas portáteis.
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O triatlo voltará a ser realizada em 5 de agosto, quando acontecem as provas de revezamento misto. Competirão os quatro representantes brasileiros: Djenyfer, Vittoria Rosa, Manoel Messias e Miguel Hidalgo. Mas claro, a realização da etapa no Sena voltará a depender das condições das águas.
*Diego Guichard é correspondente da NSC em Paris