O dia nacional de protestos contra a Copa do Mundo resultou em mobilizações registradas nas principais capitais brasileiras nesta quinta-feira.
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O número de participantes nas ruas foi muito inferior ao verificado em junho do ano passado, mas, mesmo assim, cidades como São Paulo, Rio e Brasília registraram depredações e confrontos entre policiais e manifestantes. Na Capital, onde a chuva prejudicou o movimento, dezenas de participantes marcharam pelas ruas no começo da noite.
Em Porto Alegre, manifestantes se reuniam na Esquina Democrática, no Centro, quando foram atingidos por uma chuvarada no final da tarde. Como resultado, se refugiaram sob uma marquise antes de se reagrupar e partir em caminhada rumo ao prédio da prefeitura aos gritos de “não vai ter Copa!”. Depois, marcharam pelas vias Salgado Filho e Borges de Medeiros, que tiveram o trânsito interrompido em alguns trechos, para criticar os gastos com estádios e a falta de investimentos em áreas como saúde e educação.
Alguns manifestantes mascarados deixaram pichações pelo caminho, e cartazes foram colados em pontos como o Viaduto Otávio Rocha para protestar contra a privatização de espaços públicos. Enquanto alguns moradores piscaram luzes para demonstrar apoio, houve até quem jogasse garrafas de água em sinal de contrariedade com a manifestação. Vias como a Loureiro da Silva e a José do Patrocínio também foram bloqueadas.
A situação foi mais tensa em São Paulo, onde manifestantes quebraram vidros de uma concessionária, depredaram veículos e obrigaram passageiros a descer de um ônibus. Outros colocaram fogo em sacos de lixo e danificaram lixeiras após a PM disparar balas de borracha e bombas de efeito moral, o que deixou quatro pessoas feridas – entre elas, uma policial militar. Um fotógrafo teria quebrado a perna, e outra pessoa teria sofrido ferimentos por causa de estilhaços de uma bomba de efeito moral.
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Ainda antes do início do protesto, a PM paulista havia detido cerca de 20 pessoas sob a alegação de que estavam portando coquetéis Molotov e martelos na Rua Augusta, no centro da cidade. Segundo os policiais, os envolvidos fariam parte do movimento Black Bloc. No total, 1,2 mil pessoas teriam participado da mobilização, conforme estimativa da PM. Mais cedo, houve uma concentração próxima ao estádio Itaquerão.
Também houve confusão no Rio de Janeiro, ao final da passeata contra a realização da Copa. A caminhada começou pacífica, na Central do Brasil, e seguiu até a frente da prefeitura carioca. Pouco antes das 20h30min, porém, policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra supostos black blocks que se encontravam em uma praça. Houve ainda correria, que levou ao fechamento de uma estação do metrô. Policiais foram chamados de “fascistas” por integrantes do protesto.
Cassetetes e gás de pimenta foram utilizados em Brasília, durante a manhã, para conter cerca de 300 manifestantes que bloqueavam o acesso a um edifício a fim de reivindicar moradias populares e protestar contra os gastos da Copa. Outras concentrações foram registradas durante o dia, exigindo medidas como uma “auditoria popular” nos gastos com a obra do estádio Mané Garrincha. Em Belo Horizonte, foi ateado fogo em uma catraca de ônibus, e ruas foram bloqueadas.
Já Salvador enfrentou o mesmo problema que Porto Alegre: o mau tempo fez com que poucas pessoas participassem dos protestos marcados para o dia de mobilização nos dois pontos de concentração no centro da cidade. Trabalhadores mortos nas obras dos estádios foram lembrados pelo grupo.
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A razão das manifestações
Os protestos seguem a agenda nacional de manifestações contra a Copa do Mundo, que marca o Dia Internacional de Lutas Contra a Copa – batizado de 15M. Estudantes, coletivos, militantes políticos, servidores públicos e sindicatos se mobilizaram para defender diferentes reivindicações.
Em porto Alegre, as manifestações foram organizadas por centrais sindicais, pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público e pelo Comitê Popular da Copa de Porto Alegre. Pela manhã, Porto Alegre já havia registrado pelo menos quatro mobilizações , com diferentes pautas de reivindicação.