Estudantes e policiais se enfrentaram nesta quarta-feira no centro de Caracas, capital da Venezuela, durante mais uma manifestação contra o governo do presidente Nicolas Maduro, abalado por uma onda protestos que já deixou 24 mortos. A União de Nações Sul-americanas (Unasul) cria uma comissão para promover o diálogo.

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O confronto em Caracas teve início quando cerca de 3 mil estudantes foram interpelados por cerca de 300 policiais de choque, que bloquearam seu avanço em direção à Praça Venezuela, onde havia uma concentração de chavistas, constatou um jornalista da AFP.

Sob o lema “Movimento estudantil marcha contra a impunidade”, a passeata tinha como destino final a sede da Defensoria Pública.

Dirigentes estudantis e políticos opositores – como David Smolansky, prefeito de El Hatillo – tentaram dialogar com os policiais, que negaram a passagem. Grupos de jovens passaram, então, a jogar pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água, dispersando a maior parte dos manifestantes.

Foto: Leo Ramirez / AFP

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Os opositores exigem a renúncia da defensora do povo Gabriela Ramírez, que na semana passada ressaltou a necessidade de investigar e distinguir os casos de maus-tratos e torturas policiais nos protestos, algo interpretado por alguns meios de comunicação como um apoio às violações de direitos humanos.

O presidente Nicolás Maduro avisou, na terça-feira, que o protesto não teria autorização diante da negativa da oposição de dialogar.

No centro de Caracas, jovens vestidos de vermelho (a cor do chavismo) marcharam em apoio ao governo, sob o lema “Pela paz e pela vida”.

No Estado de Carabobo, norte do país, três pessoas morreram nesta quarta durante os protestos contra o governo, elevando a 24 o número de óbitos desde o início das manifestações, há um mês, informaram as autoridades locais.

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Duas vítimas – um estudante e um civil – morreram durante manifestações na localidade de La Isabelica, em Valencia (capital de Carabobo), enquanto um membro da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) faleceu no município de Naguanagua.

Segundo o governador chavista de Carabobo, “franco-atiradores dispararam contra sua própria gente que armava uma barricada na rua (em La Isabelica), deixando um morto e vários feridos”.

Mas a imprensa local afirma que o jovem Jesús Acosta, 20 anos, estudante da Universidade de Carabobo, foi morto por um tiro na cabeça quando estava próximo a sua casa em La Isabelica, distante dos protestos.

O prefeito opositor de Valencia, Miguel Cocchiola, informou que a segunda vítima em La Isabelica foi Guillermo Sánchez, 42 anos, “vítima de um disparo” quando estava diante de sua casa.

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O guarda nacional morto em Naguanagua era o capitão Ramso Ernesto Bracho Bravo, também baleado.

Unasul cria comissão para promover diálogo

A Unasul decidiu, em uma reunião extraordinária de chanceleres em Santiago, no Chile, criar uma comissão para acompanhar o diálogo entre governo e oposição na Venezuela, a partir da primeira semana de abril.

Em uma declaração ao final da reunião de mais de quatro horas, os chanceleres concordaram em “designar, a pedido do governo da Venezuela, uma comissão integrada por ministros das Relações Exteriores da Unasul para que, em seu nome, acompanhe, apoie e assessore um diálogo político, amplo e construtivo”.

A comissão atuará “considerando a conferência de paz instalada” na Venezuela a pedido do governo do presidente Nicolás Maduro, e terá seu primeiro encontro na primeira semana de abril.

– Nos sentimos plenamente satisfeitos com a resolução. Nos sentimos acompanhados na luta do povo venezuelano pela democracia, pela paz – disse o chanceler venezuelano, Elías Jaua, ao final da reunião.

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