Unidades policiais invadiram na madrugada desta quinta-feira quatro acampamentos de protesto de estudantes e opositores em diferentes pontos de Caracas, capital da Venezuela e prenderam ao menos 243 pessoas. O principal deles, perto do escritório da Organização das Nações Unidas (ONU). O ministro do Interior, general Miguel Rodriguez Torres, justificou a operação alegando que os acampamentos eram usados como esconderijos de grupos “violentos”, que cometiam atos “terroristas”:
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– A operação teve início às três da madrugada (…), existiam evidências de que destes locais estavam saindo os grupos mais violentos para cometer atos terroristas, como incendiar patrulhas da polícia e enfrentar com coquetéis molotov e com armas as forças de segurança – disse o ministro.
Em resposta, grupos de jovens opositores realizaram protestos relâmpagos em vários pontos no leste de Caracas, dos alguns entraram em confronto com a polícia.
No município de Chacao, um policial morreu com um tiro no pescoço, informou o diretor da polícia local, Yoryi Carvajal, acrescentando que outro agente foi ferido por um disparo no peito. Segundo Carvajal, o confronto deixou ainda “outros dois policiais feridos por objetos contundentes”.
Desde fevereiro, a Venezuela é palco de protestos. Os mais violentos aconteceram em fevereiro e março, e deixaram 41 mortos. As manifestações são chamadas pelo governo do presidente Nicolás Maduro de “tentativa de golpe de Estado”. No último mês, a manifestação se concentrou nos acampamentos de estudantes. Próximo à ONU, os jovens cortaram três das seis pistas de uma avenida.
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De acordo com o ministro do Interior, no local foi encontrado “tudo que é usado diariamente para enfrentar as forças de segurança”:
– Apreendemos drogas, armas, explosivos, morteiros, gás lacrimogênio. Uma equipe da polícia científica seguiu para os acampamentos para levantar todas as evidências, classificá-las e apresentá-las ao tribunal correspondente, para que se indicie quem deve ser indiciado e para que sejam adotadas as medidas do ponto de vista judicial.
A advogada dos direitos humanos, Elenis Rodríguez, disse que para a sede da Polícia Nacional Bolivariana e outros para (a unidade militar de) Forte Tiuna. Em Washington, o governo dos Estados Unidos assegurou que no momento não adotará sanções contra funcionários venezuelanos envolvidos em abusos contra manifestantes, mas deixou aberta tal possibilidade diante do estancamento do diálogo entre governo e oposição.