Ao cair da noite no Egito nesta quinta-feira centenas de manifestantes tentavam violar a embaixada dos Estados Unidos no Cairo, mas eram repelidos com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água pela polícia em um confronto que deixou mais de 200 feridos.
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Uma nova invasão – após o ataque na Líbia, na terça-feira -, deixaria em crise a estratégia americana para o Oriente Médio e abalaria a confiança no governo de um dos países mais importantes para a paz na região.
Se parte da população muçulmana se joga no frenesi antiamericano insuflado por radicais religiosos indignados com um filme feito no país e que satiriza a vida de Maomé, os chefes de governo, também islâmicos, condenaram o vídeo mas permanecem como parceiros de Barack Obama. Outro episódio seria o suficiente para envenenar as relações entre os países árabes e os Estados Unidos.
No Egito, o presidente Mohamed Mursi condenou “qualquer agressão ou insulto ao profeta”, mas pediu que as pessoas não ataquem as embaixadas – atitude considerada dúbia por analistas. Ainda assim, um forte esquema de proteção foi montado para proteger a representação.
Uma invasão poderia comprometer as relações com os EUA, país que manda US$ 2 bilhões por ano, principalmente em ajuda militar. Obama aproveitou e enviou um recado ao governo egípcio ao declarar que não sabia se podia considerar o regime de Mursi um aliado, mas que também não o considerava um inimigo:
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– Eles são um novo governo tentando encontrar um caminho.
Ontem, os protestos não apenas se ampliaram como pareciam longe de terminar. As imagens contra o profeta serviram de combustível para manifestações por todo o Oriente Médio, mesmo depois de as autoridades dos EUA classificarem a produção como repugnante.
No Iêmen, jovens revoltados entraram pela manhã no prédio da embaixada americana em Sanaa, mas foram expulsos pela polícia. O presidente iemenita, Abd Rabo Mansur Hadi, pediu desculpas ao presidente e ao povo americano e prometeu punir os culpados. Quatro pessoas foram mortas nos protestos.
Papa inicia visita ao Líbano na quinta-feira em meio a tensão
Na Líbia, onde o embaixador dos EUA morreu em um ataque, supostamente planejado, ao consulado do país em Benghazi, quatro pessoas foram presas. Quase um ano depois da queda do regime de Muamar Kadafi, o ataque evidencia mais uma vez a incapacidade das autoridades líbias de garantir o controle do país, onde as milícias armadas impõem a lei e mostram a necessidade de Obama reforçar a estratégia de segurança no país.
Pelo menos outros sete países registraram protestos, além da Faixa de Gaza: Irã, Iraque, Israel, Tunísia, Marrocos, Sudão e Líbano (onde o Papa Bento XVI inicia uma delicada viagem hoje), em uma demonstração de que os EUA devem se preparar para mais ataques.
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