Protestos contra os cortes na educação anunciados pelo governo federal ganharam as ruas de ao menos 11 cidades de Santa Catarina nesta quarta-feira (15). As manifestações foram lideradas por estudantes e professores. A maior mobilização aconteceu em Florianópolis, onde os atos reuniram cerca de 20 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar (PM), e 30 mil, conforme os organizadores.
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Também houve protestos nas cidades de Joinville, Itajaí, Blumenau, Camboriú, São Francisco do Sul, Lages, Criciúma, São Miguel do Oeste, Concórdia e Chapecó. Manifestações também foram realizadas em diversas capitais e cidades do país nesta quarta.
Na Capital, após concentração em frente ao prédio da reitoria da UFSC, pela manhã, a manifestação ganhou as ruas de Florianópolis e só foi encerrada no início da noite.
Depois de seguirem pela Beira-Mar Norte, estudantes da universidade federal e também de outras instituições de ensino se encontraram no IFSC. Dali, desceram pela Avenida Hercílio Luz, até chegar à Praça XV, que já estava tomada de manifestantes.
Em frente à Catedral Metropolitana, o protesto teve a maior mobilização, ganhando também a adesão de movimentos sociais e de trabalhadores de outros setores.
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O funcionário público Paulo foi um deles. Obrigado a parar o carro por conta dos atos que bloqueavam as ruas, ele aproveitou para demonstrar apoio.
— Acho que é muito importante para a sociedade e para o crescimento deles (dos estudantes) enquanto cidadãos. A questão dos cortes da educação é super problemática. Eu acho que a sociedade e, principalmente, os estudantes têm que apontar essa contradição para que a sociedade abra os olhos quanto a isso — declarou.

Já a professora Priscila Queiroz decidiu ir ao protesto acompanhada da filha, Clara, de 7 anos.
— Vim com a minha filha porque eu quero que ela entenda o motivo de não ter tido aula hoje (quarta-feira). É importante que a gente não aceite esses cortes na educação. Todos têm direito à educação pública e de qualidade. E é por isso que estamos aqui, eu e ela — comentou Priscila.
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Pouco depois das 16h30, os manifestantes deixaram a Catedral Metropolitana e seguiram para o Terminal de Integração do Centro (Ticen). Uma parte seguiu no local até o anoitecer, enquanto outro grupo se deslocou para a Rua Tenente Silveira, no Centro. Os protestos foram pacíficos, sem registros de violência, segundo a PM.


Confira como foram os protestos em outras cidades do Estado:
Joinville – No Norte do Estado, as manifestações não ficaram restritas aos grupos ligados às instituições federais em Joinville. Representantes de universidades, escolas estaduais, Centros de Educação Infantil (CEIs) e sindicatos realizaram atos durante a manhã. À tarde, um novo ato ocorreu na Praça da Bandeira, e os manifestantes também caminharam pelas ruas do Centro.

Também no Norte do Estado, atos contra o corte de recursos se repetiram no campus de São Francisco do Sul do Instituto Federal Catarinense (IFC).
Itajaí – Estudantes do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Itajaí, protestaram na Avenida Contorno Sul, uma das mais movimentadas da cidade. Estudantes levaram para a rua cartazes de protesto e apresentações sobre as atividades desenvolvidas no campus.
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Camboriú – Na cidade de Camboriú, também no Vale do Itajaí, estudantes e funcionários do Instituto Federal Catarinense (IFC) fizeram uma passeata até a Praça da Figueira, no Centro. Os protestos se repetiram durante a tarde.
Chapecó – A praça Coronel Bertaso, em Chapecó, também recebeu mobilizações contra os cortes na educação durante a manhã. Uma "aula pública" foi realizada no local. À tarde, o protesto seguiu na Praça Coronel Bertaso.

Blumenau – Os protestos reuniram alunos e professores do IFSC, IFC, UFSC e da Universidade Regional de Blumenau (FURB). O grupo se concentrou próximo ao Teatro Carlos Gomes.
Criciúma – O protesto em Criciúma foi realizado na Praça Nereu Ramos, durante a tarde. De acordo acordo com a PM, o ato reuniu cerca de 200 pessoas. Já conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Criciúma (Sinte), 600 pessoas participaram.
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Corte de verbas motivou protestos
O governo federal anunciou no fim de abril o corte de 30% dos recursos destinados a todas as instituições de ensino federais do país. A medida atinge os chamados gastos de custeio, como fornecimento de energia, água e vigilância.
Os cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC) foram incluídos em um contingenciamento maior anunciado pelo governo, de R$ 30 bilhões. Do total, R$ 5,8 bilhões são da Educação. Os números atualizados do bloqueio para instituições catarinenses somam R$ 102 milhões.
Na última quinta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que eram 3,5%. No entanto, os 3,5% levam em consideração o orçamento total das universidades, que incluem as despesas vinculadas (pagamento de salários e benefícios a inativos), que não podem ser cortadas pela gestão.
Já em relação às chamadas despesas discricionárias, como gastos com água e luz, que podem ser alteradas, o montante bloqueado equivale a 30%.
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