Um grupo de manifestantes fez um ato em frente a Reitoria nesta quarta-feira contra o racismo e o preconceito sofrido pelos negros e cotistas que estudam na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com cartazes contra discriminação, cantando a música Negro Drama, dos Racionais, o protesto seguiu pacificamente até o gabinete da reitoria. Cerca de dez entidades representativas da comunidade negra em Santa Catarina participam do protesto.

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O ato foi motivado a partir do dia 5 de novembro, data em que um estudante de engenharia mecância postou uma foto no grupo de estudantes da UFSC. Na imagem, um homem negro, de joelhos, entrega bananas para uma mulher negra. Ao ser avisado que a foto “poderia render um processo”, o aluno retirou do ar.

::: Veja galeria de imagens do protesto desta quarta-feira

Segundo a integrante da ONG Gestos e Movimento Negro de Santa Catarina, Luciana Freitas, a intenção do manifesto é pedir uma posição da Universidade contra este tipo de discriminação dentro da instituição.

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– Este não é o único ataque racista dentro das dependências da universidade. A UFSC, um espaço plural e de conhecimento, tem que ter uma posição contundente contra este ato deplorável – pediu.

Postagem que motivou a manifestação da manhã desta quarta-feira

Foto: Reprodução/Facebook

Em nota divulgada à imprensa, os manifestantes pediram o cancelamento da vaga e a expulsão do estudante que publicou na foto nas redes sociais.

O diretor da Pró-Reitoria de Graduação, Adir Valdemar Garcia, reiterou que a UFSC repudia qualquer tipo de ato racista e preconceituoso dentro da UFSC, mas não tem qualquer controle sobre a ação de seus alunos fora do âmbito do câmpus.

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– A foto foi postada em uma página que leva o nome da UFSC, mas não é institucional. Foi criada e é administrada por alunos. Mesmo assim, somos contra o ato do aluno e vamos analisar internamente o que pode ser feito neste caso.

Boletim de Ocorrência

Em novembro, a estudante de Letras Espanhol Lucia Helena Zanini alega ter sido alvo de preconceito na área de convivência do Centro de Comunicação e Expressão. Ela conta que uma colega de curso se irritou e a ofendeu diante de outros alunos.

– Em determinado ponto ela me chamou de negra suja e outras ofensas – contou.

A ofensa virou um boletim de ocorrência.

MP deve ser avisado

Presidente do Conselho Estadual de População Afrodescendente, José Ribeiro compilou as denúncias que saem de alunos negros e/ou cotistas que estão na UFSC e promete protocolar denúncia junto ao Ministério Público Federal.

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– Não é possível que em um espaço que deveria imperar o respeito pelas diferenças, possa haver atos que ferem a própria constituição. Racismo é crime e deve ser abolido da nossa sociedade – disse.