O dia 15 de março de 2015 vai ficar marcado como a data em que o blumenauense tomou a frente do discurso de indignação política e foi às ruas fazer um dos maiores protestos do estado. Segundo as estimativas da Polícia Militar (PM), cerca de 40 mil pessoas lotaram o Centro de Blumenau para protestar contra a corrupção e pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pacífico, o ato foi marcado pela organização e ordem, com pessoas de todas as idades vestindo verde e amarelo e sem registros de brigas ou confusões.
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Organizado através das redes sociais pelo Movimento Brasil Livre (MBL), o protesto fez parte de uma rede de atos por todo o país que movimentou mais de 150 cidades. Em Santa Catarina, as maiores manifestações foram em Blumenau e Balneário Camboriú _ que também registrou 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. A movimentação começou por volta das 14h, quando os primeiros manifestantes chegaram à prefeitura de Blumenau, ponto de encontro da passeata. Pontualmente às 16h, o carro de som que comandava o ato iniciou a passeata acompanhado por carros da Polícia Militar e da Guarda de Trânsito, seguidos pela multidão que gritava contra o governo e pelo fim da corrupção. Os manifestantes marcharam da prefeitura até a Rua 7 de Setembro, que percorreram até a Alameda Duque de Caxias, de onde iniciaram o retorno ao ponto inicial pela Avenida Beira-Rio, concluindo o trajeto em pouco menos de três horas.
Manutenção do número de vereadores estava entre as reivindicações
Entre os cartazes e gritos de protesto, os manifestantes pediam o fim da corrupção, da reforma política, o impeachment da presidente e pautas regionais, como a manutenção do número de vereadores. Em menor quantidade, também era possível encontrar defensores de uma intervenção militar ou da separação da região Sul do resto do país. Um dos defensores da causa do “O Sul é o meu país” era Eugênio Koehler, 55, que, ao lado da esposa, protestava motivado pela indignação com o atual governo do país. De cara pintada, Koehler conta que participou das passeatas pelo impeachment de Fernando Collor, em 1992:
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_ Acho que a questão da separação do Sul é inconstitucional, então queremos principalmente o impeachment. Só com o povo indo às ruas os parlamentares vão se sentir pressionados.
Com o ambiente calmo, o ato reuniu casais e famílias com crianças. O momento mais significativo aconteceu no meio da manifestação, quando a passeata parou em frente à Câmara de Vereadores e, com bandeiras do Brasil voando, os manifestantes cantaram o hino nacional. Em cima do carro de som que guiava o ato, os representantes do MBL discursaram pedindo mais liberdade e reforçaram que devem ocorrer novos protestos. No fim da passeata, os organizadores colheram assinaturas dos presentes para um abaixo-assinado pedindo o impeachment da presidente. Para a PM, a manifestação foi tranquila e sem a necessidade de intervenção. Os policiais apenas acompanharam o trajeto e ajudaram a organizar o trânsito, que precisou ser bloqueado por alguns momentos. Foram cerca de 125 policiais e 25 agentes de trânsito mobilizados.
Outras cidades do Vale registraram manifestações
Moradores de outras cidades do Vale do Itajaí também foram às ruas neste domingo. Alguns protestos já começaram pela manhã, como em Brusque, onde cerca de 5 mil pessoas caminharam pelas ruas da cidade.
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Apiúna, Timbó, Lontras, Pomerode, Rio do Sul e Indaial também registraram atos pacíficos em menor escala. Em Timbó cerca de 2 mil pessoas fizeram um trajeto de menos de um quilômetro nos arredores da prefeitura, enquanto em Pomerode aproximadamente 600 pessoas participaram da manifestação. Em Rio do Sul o protesto durou cerca de duas horas e envolveu 2 mil pessoas.
Em Lontras e Apiúna os protestos chegaram nas rodovias, interditando o tráfego de veículos por algumas horas durante a tarde. A BR-470 foi fechada no trevo de acesso à Lontras por cerca de 400 pessoas, que liberavam a pista quando as filas começavam a passar dos quatro quilômetros de distância. Em Apiúna a BR-470 foi fechada no centro da cidade por menos de 100 pessoas e filas de até três quilômetros se formaram na região. Nenhum tumulto foi registrado pela PM nas manifestações.