Cerca de 100 mil pessoas, segundo a polícia, protestaram neste domingo em Atenas (80.000) e Tessalônica (20.000) contra o novo plano de ajuste ditado por União Européia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que será votado à meia-noite local pelo Parlamento, para evitar a quebra do país.
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Na capital seis pessoas ficaram feridas e foram hospitalizadas durante confrontos entre forças de segurança e grupos de jovens nas ruas adjacentes à praça Sintagma, em frente ao Parlamento, segundo fontes do Ministério da Saúde. Os incidentes ocorreram quando um grupo de manifestantes pressionou para romper um cordão policial colocado em torno da Assembleia Nacional, e a polícia respondeu imediatamente lançando bombas de gás.
Os manifestantes se dirigiram então para as ruas adjacentes, rapidamente convertidas em campos de batalha, e lançaram pedras e bombas de coquetéis molotov contra as forças de segurança. Os confrontos se prolongaram durante mais de duas horas no centro da capital.
Um imóvel de um andar, sede de uma loja de cristais de luxo, foi incendiado no centro de Atenas. Outros 10 edifícios vazios estavam em chamas por conta do lançamento de coquetéis molotov, segundo os bombeiros.
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Os manifestantes se dirigiram à Praça Sintagma pela tarde, convocados pelas duas grandes centrais sindicais do país, a GSEE para o setor privado, e Adedy, do público, assim como pela esquerda radical. De acordo com os líderes, o objetivo é expressar sua rejeição à adoção prevista para a meia-noite local de um novo plano de ajuste, exigido pela UE e pelo FMI para manter a ajuda financeira ao país e assegurar sua permanência na zona do euro.
O novo plano prevê, entre outras medidas, a demissão de 15 mil funcionários públicos até o fim do ano, em um total de 150 mil dispensas até 2015, redução de 22% no salário mínimo, que deverá situar-se perto dos 500 euros, e a liberalização das leis trabalhistas.
No interior do Parlamento, custodiado no exterior por cerca de 3.000 policiais, o debate político ocorria com incidentes frequentes entre as filas governamentais e as da oposição de esquerda.
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– Não é fácil viver nestas condições. De agora até 2020 seremos escravos dos alemães – disse Andréas Maragoudakis, engenheiro de 49 anos.
Segundo o ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos, a Grécia espera lançar “antes de 17 de fevereiro” a oferta pública a seus credores privados para a reestruturação de sua dívida, ou do contrário ficará exposta à quebra. O descumprimento dos prazos e a consequente quebra do país geraria uma Grécia sem sistema bancário, afirmou Venizelos no Parlamento do país, com a voz tensa, antes de ser interrompido pelas vaias da oposição comunista, a qual o ministro acusou de levar o país à “catástrofe”.