Foi ao som de “eu não quero que roubem meu dinheiro” que a manifestação que começou tímida na Praça Victor Konder, em frente à prefeitura de Blumenau, tomou uma das quatro pistas da Rua 7 de Setembro nesta quinta-feira à noite. Por quase duas horas o grupo formado por jovens estudantes, integrantes de movimentos sociais e parentes de funcionários do transporte coletivo entoaram jingles contra o aumento de R$ 0,35 na passagem de ônibus na cidade, decretado no último dia 11 e que passa a vigorar na próxima quarta-feira.

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O itinerário dos manifestantes, que receberam o apoio de motoristas de ônibus que buzinaram quando o grupo dobrou a esquina da Rua Paulo Zimmermann com a 7 de Setembro, tinha como ponto final o Terminal da Fonte. Antes da saída, líderes da ação, que nasceu semana passada em uma página no Facebook, deixaram claro que aquele seria o primeiro de muitos protestos.

– É difícil construir uma grande manifestação em tão poucos dias – discursava Gabriel Theis, um dos idealizadores, para o público que, às 19h, era de aproximadamente 100 pessoas.

Ao longo da caminhada por uma das principais ruas da cidade, o coro, já de quase 150 pessoas, segundo a organização, cantava não apenas contra o aumento da tarifa de R$ 3,30 para R$ 3,65, mas também a favor dos 1,3 mil trabalhadores do sistema, que estão sem receber salário desde o começo do mês.

– É muito dinheiro e pouca qualidade. Se é um serviço público, não deveria ser responsabilidade da prefeitura? – questionou a estudante Vanessa Doré Gonçalves, 20 anos, antes de voltar a cantar que “a luta se unificou, agora é motorista, passageiro e cobrador”.

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Saldo positivo

Criadora do grupo Aumento Não!, Ariane Blum avaliou positivamente o engajamento dos blumenauenses. Segundo ela, cerca de 7 mil pessoas foram convidadas para integrar o manifesto e, até ontem à tarde, 328 delas havia confirmado a presença.

– Primeiro queremos consolidar e deixar o movimento forte. Hoje era para ser apenas uma reunião e já saímos em caminhada. Não lutamos só pela tarifa, mas por transporte digno, ônibus de qualidade, salário para os trabalhadores. Queremos que as pessoas entendam que, enquanto houver lucro nesse sistema, nós, os passageiros, não vamos ser prioridade – conclui.

Outra manifestação está marcada para terça-feira, véspera do início da cobrança da nova tarifa. A concentração será às 18h, em frente à prefeitura.