Em mais um protesto contra a presença de mendigos no bairro de Canasvieiras, em Florianópolis, 54 moradores e comerciantes do bairro levantaram cartazes pedindo mais segurança e policiamento. Por volta das 20h desta quarta-feira, um grupo pró-moradores de rua chamou os manifestantes de “fascistas”.
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Para justificar a manifestação, um vídeo de moradores de rua fazendo sexo debaixo de um cobertor foi exibido aos jornalistas que faziam a cobertura do movimento. Eles fecharam metade da avenida das Nações e percorreram o trecho entre o posto da Polícia Militar e a praia, usando buzinas e um carro de som para chamar atenção à condição do bairro.
Entre as reivindicações dos manifestantes estava a abordagem de moradores de rua por assistentes sociais. A empresária Luciana Gertrudes Silva afirma que este trabalho foi feito, mas os moradores não foram retirados do local.
Questionada sobre se a baixa adesão ao movimento seria por conta de uma discordância da visão dos moradores e dos manifestantes, Luciana negou:
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– A maior parte das pessoas não vêm porque têm medo – afirma Luciana
Já o morador de Canasvieiras, Carlos Nascimento, 32 anos, discorda dos manifestantes. Ele chamou de “ridículo” o movimento e disse que há um exagero sobre o problema:
– Os moradores de rua estão aqui o ano inteiro. Eles são pessoas que não podem ter o direito ignorado e serem marginalizados. É uma minoria deles que comete crimes – disse o morador.
Além de Carlos Nascimento, vários pedestres refutaram a manifestação dizendo “Canasvieiras não é isso”, enquanto apontavam para o grupo que protestava.
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Conflito com manifestantes e grupo pró-moradores de rua
Treze estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) chegaram no meio do protesto para distribuírem panfletos pró-moradores de rua. Eles afirmam que o problema de segurança de Canasvieiras se deve à presença de traficantes.
– Concordo que eles trazem alguns problemas, mas estão usando eles como bodes expiatórios, pois são pobres e não têm defesa. Estão colocando a culpa de todos os problemas de Canasvieiras neles – disse a estudante de ciências sociais Noa Cykman, de 23 anos.
Com a chegada dos estudantes da UFSC, vários manifestantes antimendigo partiram para cima do grupo rival, pedindo para que eles levassem os moradores de rua para suas casas. A briga teve que ser separada e o presidente do Conselho de Segurança (Conseg) de Canasvieiras, Carlos Maria Hennrichs, pegou o microfone para afirmar que os moradores de rua também têm direito de ficar no bairro.
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Manifestantes são chamados de fascistas
O grupo pró-mendigo colocou um boneco no meio da rua e começou a chamar os manifestantes de “fascistas” e que eles estavam promovendo “limpeza social” no bairro. Em coro, gritavam “Canasvieiras, morador de rua não é sujeira”.
O presidente do Conseg local, Carlos Maria Hennrichs disse que as pessoas não estão entendendo a reivindicação corretamente e que o problema não seriam os moradores de rua:
– Queremos que os moradores de rua tenham tratamento para dependentes químicos – disse.