A Frente Povo Sem Medo, composta por dezenas de movimentos sociais e sindicais contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), realizou na manhã desta quinta-feira uma série de bloqueios em avenidas e rodovias de oito Estados e do Distrito Federal. O objetivo da frente é “parar o Brasil” em protesto contra o afastamento da presidente.

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A maioria das manifestações ocorreu na cidade de São Paulo, em vias como a Marginal do Tietê, onde bloquearam todas as faixas ateando fogo em pneus e pedaços de madeira. As chamas formam uma cortina densa de fumaça preta na região. Pelo Facebook, o MTST confirmou nesta quinta que há 14 bloqueios organizados só em São Paulo.

“O objetivo da mobilização é denunciar o golpe em curso no país e defender os direitos sociais, que entendemos estarem ameaçados pela agenda de retrocessos apresentada por Michel Temer caso assuma a Presidência. Não aceitaremos golpe. Nem nenhum direito a menos”, diz o texto divulgado pelo MTST.

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Em Sumaré, no interior de São Paulo, o objetivo era “sitiar” a cidade fechando todos pontos de acesso ao município. Além disso, a frente preparou bloqueios em Unidades da Federação como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Ceará, Pernambuco, Paraná e Goiás.

No Rio Grande do Sul, famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram uma área da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra. Além de apoiar Dilma, o ato reivindica que as terras sejam destinadas para a reforma agrária.

Encontro com Dilma

As manifestações com o “Contra o Golpe e Pela Democracia” ocorreram três dias depois de Dilma receber no Palácio do Planalto representantes do MTST, MST e Central Única dos Trabalhadores. No encontro, Dilma ouviu pedidos para que aproveitasse os últimos dias antes da votação do processo no Senado para fazer acenos em direção à base que a reelegeu. Um dos pedidos é a nomeação de integrantes dos movimentos para preencher vagas deixadas por partidos que abandonaram o governo para apoiar o impeachment e entregaram seus cargos no governo.

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Segundo relatos, os representantes dos movimentos sugeriram que Dilma tomasse uma série de ações que teriam como objetivo garantir a unidade das entidades na reta final da resistência ao impeachment e na oposição a um eventual governo Michel Temer. Entre elas reajustar o valor do Bolsa Família, retirar projetos enviados ao Congresso que afetam direitos dos trabalhadores, anunciar uma série de desapropriações agrárias e retomar as contratações de empreendimentos do Minha Casa Minha Vida.

Conforme participantes da reunião, Dilma ouviu com atenção e ficou de avaliar os pleitos.