Em Itajaí, os reflexos da operação padrão dos auditores fiscais da Receita Federal ainda são tímidos, porém preocupantes. A movimentação portuária mantém o ritmo, mas o desembaraço das mercadorias está bem mais lento.
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Para o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santa Catarina (Sindaesc), Marcello Petrelli, a demora na liberação dos produtos é a situação mais delicada para os importadores. Muitos deles dependem da carga para a geração interna de renda.
– Nós estamos com 10 dias de atraso nas liberações. Cargas que antes levavam, em média, cinco dias para serem desembaraçadas, agora levam até 15 dias – afirma Petrelli.
Presidente das Agências de Navegação Marítima e Comissárias de Despachos do Estado de Santa Catarina (Sindasc), Eclésio da Silva fala que, em Itajaí, os armazéns de cargas ainda não estão superlotados, mas se a operação padrão persistir, os prejuízos serão grandes.
– Os reflexos dessa operação padrão só poderão ser bem avaliados dentro de duas ou três semanas. Até lá, a gente espera uma sensibilização do governo federal para que esse problema com os auditores fiscais seja resolvido – afirma.
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A autoridade portuária preferiu não se manifestar, por enquanto. Por meio da assessoria de imprensa, o diretor executivo do Porto de Itajaí, Heder Cassiano Moritz, disse que, neste momento, qualquer avaliação seria prematura.
São 60 auditores fiscais em Itajaí. Eles atuam nos setores aduaneiro e de tributos internos. A operação padrão significa que todas as cargas dos canais amarelo e vermelho de exportação e importação – produtos que necessariamente passam por checagem de documentação, mas nem sempre pela conferência física – estão passando por pente-fino. Ou seja, todas as mercadorias estão sendo checadas, o que provoca mais atraso do despacho.
Governo deixa de arrecadar R$ 150 milhões por dia
O governo federal estaria deixando de arrecadar por volta de R$ 150 milhões diários em impostos, com as operações padrão e crédito zero, desfechadas pelos auditores fiscais na segunda-feira passada. A estimativa é do Sindifisco Nacional, com base nos números do ano passado.
O prejuízo, porém, poderia ser ainda maior. Se os auditores fiscais tivessem cruzado os braços e deixado de trabalhar, essa conta alcançaria os R$ 250 milhões/dia. Lembrando que em 2011, a arrecadação aduaneira de impostos (que inclui Cide, Cofins, IPI e PIS) foi de cerca de R$ 77 bilhões. O sindicato estima que cerca de 1,5 milhão de tonelada/dia de carga não sejam despachadas.
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Liberação está levando quase uma semana
Os 10 auditores fiscais da Receita Federal também adotaram um procedimento de operação padrão na Aduana de Cargas de Dionísio Cerqueira, na fronteira com a Argentina. De acordo com o representante sindical da categoria, Fernando Corrêa, a ação tem como objetivo apoiar a campanha nacional de valorização do cargo de auditor fiscal.
A operação padrão consiste numa ação mais detalhada e demorada de fiscalização das cargas. Em vez de pegar algumas amostras das cargas, é contada toda a carga e até solicitado o descarregamento para conferência.
Com isso, uma liberação que demorava três dias pode demorar até uma semana. O impacto ainda não foi dimensionado. O movimento na aduana, que era de 80 a 100 caminhões/dia, está em 40 caminhões dia. Mas, a redução já ocorria antes da mobilização dos auditores.
A redução é motivada pelas obras na aduana e também por medidas que dificultam as importações, adotadas por Brasil e Argentina. Até o momento, não há filas na aduana, o que era frequente antes das medidas restritivas do Brasil. As medidas afetaram o comércio com a Argentina.
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