Mãe que é mãe não mede limites. Mas e quando esse amor, conhecido por incondicional, mais do que cuidar e orientar, sufoca?

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Hoje em dia, os perigos não encontram limites – álcool, drogas e criminalidade são apenas alguns dos monstros que se escondem no guarda-roupa da vida real – e, para algumas mães, o ideal é preparar o filho para que saiba lidar com o perigo. Para outras, a superproteção causa medo e prejuízos emocionais aos filhos.

A psicóloga Andréa Klein acredita que as consequências são visíveis principalmente na escola, onde as crianças começam a compartilhar atenção, brinquedos e seguir regras sociais.

– O comportamento inseguro e ansioso dos pais impede que os filhos tenham a oportunidade de assumir responsabilidades. As situações mais comuns são comportamentos de superproteção em relação às frustrações, imposição de regras e limites. Os pais ficam confusos quando os filhos passam por momentos de dificuldade, caindo nas garras da superproteção – observa.

O instinto materno é feito do desejo de cuidar, auxiliar nas necessidades físicas e afetivas, amar, apoiar, dar oportunidade, experimentar, acertar, errar e admirar. Na relação com os filhos, deve haver diálogo, sinceridade e compreensão para mostrar riscos e possibilidades. É preciso alertar sobre os perigos, mas não fazer disto um argumento para isolar os filhos e torná-los reclusos.

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– Uma criança que cresce com excesso de proteção não experimenta a sensação de resolver problemas, não sente frustrações, muito menos passa pelos sofrimentos que fazem parte do desenvolvimento do ser humano – define a psicóloga Roberta Balsini.

Roberta observa que momentos de rotina, como as cólicas do bebê, o afastamento da mãe para iniciar na escolinha, a rejeição de um amigo ou uma nota baixa são situações corriqueiras da vida real que precisam ser enfrentadas. Se a criança for poupada pela mãe superprotetora, ela estará atrapalhando a construção da autonomia, da segurança, da confiança e da autoestima do filho. Mas nem toda mãe cuidadosa pode ser diagnosticada como superprotetora.

– A mãe cuidadosa é aquela que observa as características do filho, respeitando, auxiliando e incentivando seu desenvolvimento. A mãe que superprotege, geralmente, não aceita essas características, deposita no filho anseios, desejos e até mesmo frustrações – explica.

Seria mais fácil se cada mãe conseguisse observar o próprio comportamento, identificar exageros e policiar-se a tempo. Mas, geralmente, a mulher que põe o filho dentro de uma “bolha confortável” não percebe que pode estar fazendo mal à criança. Na verdade, muitas mães agem de forma impulsiva, mesmo que os outros mostrem comportamento exagerado.

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– Tornar isso consciente é a primeira tarefa, depois, o importante é buscar ajuda para localizar e tratar a causa da ação – orienta a psicóloga.