A disputa de dois grupos pelo comando do Pros em Santa Catarina pode fazer a pré-candidatura a governador do defensor público Ralf Zimmer Júnior depender da confirmação da Justiça. Uma das alas que tenta assumir a legenda defende que o Pros não tenha candidato ao governo em SC. Em nível nacional, o partido também enfrenta um impasse semelhante pela presidência, o que pode colocar o partido igualmente dividido entre duas opções nas eleições presidenciais: apoiar Lula (PT) ou manter a candidatura do influenciador Pablo Marçal.

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O ex-presidente da sigla de SC, Euclides Pereira Neto, tenta retomar a presidência da legenda no Estado, depois de ter sido destituído em março deste ano. Ele já obteve uma decisão favorável e defende que o partido não tenha candidato ao governo. A comissão provisória que comandou o partido de março até agora e tenta seguir à frente da legenda defende a candidatura de Ralf, que ganhou destaque por ser o autor de um dos pedidos de impeachment de Carlos Moisés em 2020. Rocha anuncia que pretende lançar Ralf como candidato neste sexta-feira (5).

Em março deste ano, o diretório do Pros em Santa Catarina, que era presidido por Euclides Pereira Neto, foi destituído pela direção nacional do partido. Como a presidência nacional da sigla havia trocado de mãos naquele mês, o novo comando nacional nomeou novos membros para conduzirem o Pros em SC (leia mais sobre a polêmica nacional abaixo).

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O grupo de Euclides deu então lugar a uma comissão provisória, liderada por Jeferson Rocha — um dos principais incentivadores da candidatura a governador de Ralf Zimmer.

O ex-presidente foi à Justiça para questionar a mudança. Ele obteve uma liminar favorável no dia 21 de julho. A decisão determinou que o Pros nacional desfizesse a troca, retirando Jeferson da presidência e promovendo Euclides de volta ao comando do partido. A decisão também anulou os atos praticados pela comissão provisória desde março. Um dos argumentos era de que uma comissão provisória não poderia se sobrepor a um diretório definitivo, eleito por membros do partido.

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Até agora, porém, a decisão não foi cumprida. Por conta disso, a defesa de Euclides questionou novamente a Justiça, informando que o Pros nacional não modificou a estrutura do partido em SC e que o registro do partido no Tribunal Regional Eleitoral de SC (TRE-SC) continuava sob presidência de Jeferson da Rocha.

Nesse período, a comissão provisória segue à frente do partido e continua organizando as ações para confirmar a candidatura de Ralf Zimmer ao governo de SC. Uma convenção está marcada para a manhã de sexta-feira (5), em Campos Novos, no Meio-Oeste, para confirmar o projeto. O grupo de Euclides, que espera retomar o partido com a liminar obtida, também convocou convenção para a sexta-feira, mas à tarde, em São José. Esta ala defende que o partido não tenha candidato ao governo e apoie uma das chapas já anunciadas.

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Na noite de terça-feira (2), o grupo de Euclides conseguiu uma nova decisão judicial favorável, aumentando a multa para o Pros nacional caso não promova o retorno da antiga direção da legenda no Estado. Agora, o valor é de R$ 50 mil por dia de descumprimento. O texto também impede a comissão provisória de fazer sua convenção, que seria pró-Ralf, sob pena de multa de R$ 100 mil.

Procurado pela reportagem, o presidente da comissão provisória, Jefferson Rocha, disse que a convenção está mantida e que eles vão buscar em juízo a homologação da chapa própria, com Ralf Zimmer como candidato ao governo. Ele disse não ter sido informado sobre decisão ou multa contra a realização da convenção e que não enxerga a medida como obstáculo para o evento. O grupo apresentou um recurso contra a decisão e aguarda a apreciação.

Rocha acrescentou ainda que apresentou um pedido à juíza estadual para anular a criação do diretório que até março era presidido por Euclides. O motivo seria o fato de que ele e outros membros não teriam cinco anos de filiação — o que segundo Rocha contraria o estatuto do partido. Um processo de expulsão de Euclides também foi aberto via diretório nacional. A defesa de Euclides, no entanto, considera o pedido infundado e uma medida para desviar o foco da ação judicial.

Polêmica também no Pros nacional

Para complicar ainda mais o imbróglio, o Pros nacional também passa pela mesma situação. O antigo presidente da legenda, Eurípedes Júnior, que foi destituído no início do ano por suposto desvio de recursos, foi à Justiça e reassumiu o comando do partido na quarta-feira (3), após obter decisão judicial favorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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No Pros nacional, a situação também pode causar mudança de rumos nas eleições. De volta à presidência, Eurípedes convocou uma nova convenção para a sexta-feira (5), último dia do prazo, para confirmar apoio à candidatura de Lula (PT). Até então, o partido vinha trabalhando com a candidatura própria do influenciador Pablo Marçal. O projeto era defendido por Marcus Holanda, que estava na presidência do partido desde o afastamento de Eurípedes.

A situação teve mais uma reviravolta na noite de quarta-feira (3). Holanda conseguiu reverter o caso na Justiça e obteve nova decisão que o devolveu à presidência nacional do Pros.

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Relação entre Pros nacional e em SC

A volta de Eurípedes ao comando do Pros nacional era um trunfo do grupo de Euclides para acreditar que a comissão provisória, que defende a candidatura de Ralf, seria modificada pelo novo presidente, promovendo o retorno do antigo diretório.

No entanto, com a manutenção de Holanda à frente do Pros nacional anunciada nesta quarta, a tendência voltaria a ser que o grupo de Jeferson e Ralf Zimmer permanecesse à frente do partido — ao menos no que depender do desejo da direção nacional. Esse cenário poderia viabilizar a candidatura de Ralf. No entanto, tanto Euclides em SC quanto Eurípedes em Brasília ainda lutam na Justiça para retomar o comando do partido, o que pode representar nova mudança de rumos do partido nas Eleições 2022. O prazo final para a apresentação de registros de candidatos à Justiça Eleitoral é 15 de agosto.

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