Quem ainda não adaptou o veículo para acomodar crianças de até sete anos e meio terá mais 83 dias para fazê-lo. Na última terça, 8, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) anunciou a prorrogação, para 1° de setembro, da entrada em vigor da fiscalização do uso dos equipamentos de retenção para o transporte dos pequenos, o que ocorreria a partir de hoje. O motivo é a falta de oferta do produto no mercado.

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Em Porto Alegre, a procura por cadeirinhas e assentos adaptadores fez com que os produtos desaparecessem do mercado. Algumas lojas dobraram as vendas.

– Passamos a vender 10 cadeirinhas e bebês-confortos por dia. Os nossos fornecedores não estão dando conta – diz Lisiane Colombo, 26 anos, gerente da loja Bambinito, especializada em produtos infantis.

cadeirinha

Uma das 10 cadeirinhas vendidas por Lisiane, ontem à tarde, foi para a empresária Luciana Fortunato, 30 anos. Mãe de Victor, cinco anos, e de Giovana, três anos, ela adquiriu uma cadeirinha para a caçula, que pesa 17 quilos.

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– Minha ideia original era comprar o booster (assento de elevação) porque a minha filha já tem peso suficiente, mas me orientaram a comprar uma cadeirinha porque ela ainda não tem quatro anos (com menos de quatro anos, a orientação é levar crianças em cadeirinhas). É até melhor porque o outro assento eu não ia achar mesmo, e a cadeirinha poderá ser adaptada mais adiante – conta Luciana.

Com a procura, algumas lojas criaram listas de espera.

– Temos uma lista com cerca de 20 pessoas que pediram para a gente ligar assim que recebermos mais produtos – revela a vendedora Meire Rosa, 23 anos, funcionária da Baby and Baby.

A busca surpreendeu a indústria. Medidas preventivas, adotadas pelos fabricantes, mostraram-se insuficientes para abastecer o mercado nacional. Sediada em Limeira, interior de São Paulo, a Burigotto Indústria e Comércio contratou 200 funcionários, criou um turno extra e dobrou a produção.

– Há um ano, estamos nos preparando para esta situação, mas não saberia dizer quando o abastecimento voltará ao normal. A procura é muito grande – afirma Teresinha Contin, supervisora de marketin da Burigotto Indústria e Comércio.

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Mesmo adiada, a mudança é saudada pelos ativistas dos direitos da infância. Para a coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françoia, que defende mais rigor no transporte de crianças desde 2001, a discussão provocada pela imprensa sobre o tema representa um “grande avanço”.