Construir áreas de lazer nos bairros, e não apenas no Centro. Uma promessa corriqueira a cada quatro anos voltou à tona entre os candidatos a prefeito de Blumenau nas Eleições 2020.

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Na segunda reportagem do Santa da série com as propostas dos aspirantes à prefeitura, o tema é áreas de lazer. Os 12 foram questionados sobre concessões de áreas públicas e também a respeito das regiões do município que mais são carentes de espaços de convivência.

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As perguntas para os candidatos foram as seguintes:

1) Blumenau anunciou um pacote que prevê a concessão de algumas áreas de lazer e praças à iniciativa privada. O(a) senhor(a) é a favor? Pretende fazer a concessão de outros espaços públicos dentro da cidade também?

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2) Em quatro anos de governo, onde o(a) senhor(a) pretende construir um novo parque em Blumenau? Qual bairro e qual região da cidade precisam de uma área de lazer?

Confira o que eles disseram a respeito dos questionamentos e as propostas de cada um. As respostas estão em ordem alfabética do nome dos candidatos.

Ana Paula Lima (PT)

1) Eu não sei se houve interessados nessas praças, mas se a prefeitura concedeu: para onde vão esses recursos? É uma dúvida que tenho. O que posso dizer é que nós vamos consultar a comunidade se há interesse antes de tomar todas as ações dessa natureza. Eu acredito que mais parques e praças nos bairros de Blumenau são necessários. Se a concessão de algumas praças na cidade puder resultar em área de lazer nos bairros, ouvindo a nossa comunidade, acho que é interessante.

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2) Todos os bairros precisam ter em uma área de lazer para a prática de esportes, passeio, encontros, para fazer piquenique… Nós temos alguns locais onde isso é possível, como por exemplo: tem clube de caça e tiro sem utilidade nenhuma e com espaços disponíveis para colocar equipamentos e fazer pistas de caminhada. Nós temos os nossos parques no Progresso que também poderiam ser incentivados para a área de lazer. Tem que ser onde as pessoas moram, onde tem mais acesso, um lugar bonito, arborizado e com equipamentos. A comunidade sabe onde é o local mais adequado. Eu sou mais de ouvir.

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Débora Arenhart (Cidadania)

1) Fui ao Passo Manso e fiquei chocada: num terreno do município só tem lixo, escombros. Não é caro, temos muitos empresários, companheiros da cidade. Quando eu era presidente da Associação de Mulheres Unimedianas, fazia parcerias, chamava o município, pegava a creche ou escola que não tinha parque… Por exemplo, a Unimed de Blumenau doou um parquinho e nós instalamos numa escola municipal. Num terreno do município, botar alguns balanços para as crianças terem um mínimo de lazer, uns banquinhos para as mães, dar uma arborizada… Inclusive tem o pessoal de Arquitetura da Furb. Os alunos, fazer uma humanização dos ambientes. Essa parceria é fácil.

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2) Muitos bairros. Fui visitar o Garcia, fui ao bairro da Velha, que tem terrenos que são do município e estão com caminhões velhos abandonados, inclusive parando água, podendo ter mosquito da dengue. Todo bairro de Blumenau merece ter um parque, uma convivência, e digo que isso é muito fácil. Pretendo me aliar às associações de moradores, o nosso gabinete estará aberto para que todos venham. Nossa parceria com os presidentes das associações será muito rica, já conversei com diversos deles. Com eles próximos do município, da administração pública, a gente vai lograr um sucesso como jamais se viu em Blumenau.

Geórgia Faust (PSOL)

1) Não. Nenhum espaço público, assim como o transporte, assim como outros pontos, nenhum deles eu acho que deva ser responsabilidade da empresa privada justamente pela tecla que eu já bati várias vezes. Queremos que o lazer também seja pensado em função do bem-estar da população e isso tem que ser administrado pelo poder público de modo a vislumbrar o bem-estar e o acesso da comunidade e não o lucro ou a lanchonete, ou uma possível cobrança de entrada. Nenhuma empresa pega um parque para administrar por boa vontade ou bom samaritanismo, sempre está com algum interesse por trás.

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2) Todas. Nós precisamos de parques maiores, precisamos descentralizar tirar um pouco do Ramiro Ruediger e construir parques bem maiores que ele. Em qualquer cidade que você for visitar em outros estados, se você for pra Curitiba, você vai ver que o Ramiro não é um parque, é uma praça grande apenas. Então nós queremos mais parques fora do Centro, Região Sul, Norte, Itoupavas, e queremos também muitos pequenos parques, em que você pode muito bem ter uma pracinha, uma área de convivência, algumas árvores, uma horta, um parquinho para as crianças, máquinas de exercício pros idosos… Tudo isso é possível fazer pela cidade inteira.

Ivan Naatz (PL)

1) A Região Central precisamos que seja vivo, caso contrário ficará abandonado, será uma cracolândia. Concordo que alguns espaços sejam entregues à iniciativa privada, para que essa vida seja estabelecida. Acredito que temos de incentivar a criação dos boulevards, para manter o público noturno, a revitalização da Curt Hering. Precisamos resgatar o patrimônio histórico, fazer com que as pessoas voltem às praças, ao Museu da Cerveja. Se não fizermos isso, o Centro será tomado pela bandidagem. A Alameda, por exemplo, é uma experiência interessante. Ela tem recepcionado bons restaurantes, bons espaços de convivência.

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2) Temos que cuidar do que já tem. Metade das praças está abandonada. A praça da Boa Vista está abandonada. O CSU da Fortaleza não tem iluminação pública. Então primeiro é revitalizar o que tem, deixar o que tem limpo, organizado, iluminado, florido. Fazer com que o que já tem funcione. Tem um bairro descoberto de área de lazer, que é o Garcia. Tem um programa do governo federal, que pretende espalhar centros de convivência, esportivo. SC tem direito a cinco desses. O município só informa a área, e o governo federal entrega. Blumenau, se eu for prefeito, vai ter um deles.

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Jairo Santos (PRTB)

1) O prefeito atual foi o responsável, por exemplo, pelo Parque das Itoupavas. Ele não pode falar em parque, porque esse modelo não deu certo. Se é isso que está sendo prometido, é péssimo para a cidade. Nós vamos responsabilizar judicialmente aqueles que colocaram num poço mais de R$ 5 milhões. O Judiciário pode buscar esse recurso novamente para que a gente invista em Blumenau, através da indisponibilidade dos bens dos responsáveis. Quem está fazendo a proposta de novas áreas de lazer é quem demonstrou não ter competência para isso. O que fez foi péssimo para a cidade. Nós podemos estudar a concessão, mas o nosso governo terá condições de tocar os projetos sozinho.

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2) As Itoupavas, mas não aqui perto da BR-470, mais para cima, inclusive próximo ao aeroporto (Quero-Quero). Tem umas áreas interessantes ali, que já fizemos estudo. O Garcia, para lá do Corpo de Bombeiros, no Progresso, Jordão, precisa — e muito. E aVelha, principalmente, lá para cima, próximo do Ristow. Temos que priorizar essas regiões porque elas estão mais afastadas do Centro e têm um grande número de pessoas morando nelas. Temos que priorizar os parques para que as pessoas consigam aproveitar também nos bairros. Hoje a pessoa tem que sair de qualquer lugar de Blumenau para acessar o único parque que existe na cidade.

João Natel (PDT)

1) Sou totalmente contra privatizar parques. Esse modelo de conceder à iniciativa privada é interessante, é importante, mas a prefeitura não pode deixar de cuidar dos seus espaços públicos. Historicamente Blumenau não foi feita para incluir, ela foi feita para se isolar. Nossa ideia é que a gente tenha nas regiões mais populosas (Velha, Garcia e Itoupava Central) parques aos modos do Ramiro Ruediger. Uma questão muito importante é a promoção da saúde nesses espaços, que as pessoas possam ter atividades físicas. Além disso, a criação de pequenas áreas de lazer nas regiões mais vulneráveis.

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2) Já acabei respondendo: são três parques. Em Barcelona eu vi algo muito legal: a prefeitura se aproximou de clubes e fez parcerias. E os clubes de Blumenau têm dificuldades, então se você pega um clube, ajuda na manutenção ou com algum subsídio, algum outro aditivo, enfim, você cria rapidamente muitas áreas que as pessoas possam usufruir. Outra ideia é fortalecer as ruas dos bairros. Fechá-las aos domingos (como a Rota do Lazer). Os bairros têm que pulsar, aí a cidade se desenvolve harmonicamente. Na nossa proposta, Centro é igual bairro e regiões vulneráveis são prioritárias.

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João Paulo Kleinübing (DEM)

1) Não tenho certeza de que conceder parques e praças seja um caminho adequado. As parcerias com a iniciativa privada são necessárias para a manutenção, mas não necessariamente num regime de concessão. Novamente, né? As últimas ações desse ponto de vista foram o Parque Ramiro, inaugurado em 2007, e a praça das Gaitas, em 2008, fora outras menores. Há uma carência enorme de espaços de lazer. A questão do Parque das Itoupavas é acesso. O princípio do parque é você chegar a pé ou de bicicleta. E no Parque das Itoupavas você só chega de carro.

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2) Precisamos viabilizar novas áreas para construção de parques e praças, rever determinados requisitos do nosso zoneamento e permitir que as pessoas que pretendem construir na cidade possam participar. Ao invés de você deixar um pequeno espaço de terra reservado como área pública em cada loteamento que se aprova, é muito mais inteligente você buscar um espaço só, maior, que possa atender toda uma região. É possível identificar algumas áreas, desde a Região Norte da cidade, e especialmente na Região do Garcia. São duas áreas que precisam ser trabalhadas.

Mário Hildebrandt (Podemos)

1) Sim, “só” as 19 concessões que eu já anunciei. Concessões ou terceirizações, se a gente pode chamar assim. Entre elas, que a gente já trabalhou, é a Praça Dr. Blumenau, que é a praça da estação, que estamos mudando o edital e me parece que já vieram dois ou três novos interessados em cada uma das áreas. E vamos fazer no mesmo modelo do Frohsinn, que já teve um interessado. A tendência é lançar o mercado público, fazer a concessão da questão do sistema de lixo, da área azul, do pátio da Seterb. Enfim, aquele pacote todo. Fora os novos que vão surgir ao longo desse processo.

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2) Nós precisamos incentivar em praticamente todos os bairros. “Ah, mas vai fazer em todos os bairros?”. Eu não vou conseguir. A responsabilidade de um gestor é a de não mentir para a comunidade. Conheço o orçamento da prefeitura e sei que as pessoas não vão conseguir fazer, mas a gente vai trabalhar na questão do Grande Garcia, na região da Água Verde, se lograrmos êxito na desativação do presídio, o Parque das Itoupavas, que vai ser entregue nos próximos dias… Estamos com algumas dezenas de academias em licitação para serem entregues. Instalações de lazer precisam e devem ser feitas.

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Mário Kato (PCdoB)

1) Não temos nada contra os contratos com a iniciativa privada. Desde que esses contratos e serviços priorizem a população e não meramente ao lucro da iniciativa privada. Os empresários têm necessidade de lucro, sabemos disso, mas o serviço à população ele é importante. Imagino que alguns modelos não vão funcionar porque algumas praças públicas não são atrativas a iniciativa privada. Se a gente só pensar nesse modelo, deixaremos de investir e de propiciar áreas de lazer nos bairros porque não vai ter lucro para a empresa. Área de lazer é área de lazer para todo mundo, não só para as regiões centrais da cidade que podem ser lucrativas.

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2) Tem o bairro que mais cresce, o bairro onde já é muito populoso, que é a região das Itoupavas, e essa região precisa, sim, de áreas de lazer. Se pensarmos em construir um grande parque, apesar de ser importante, a gente também deixa de estar fazendo parques de pequenos a médio porte que possam atender a população de uma forma muito mais adequada. Deixamos de ter áreas de lazer para uma população que às vezes tem dificuldade no transporte, de pagar uma tarifa de R$ 4,30 hoje no ônibus, o que a impede que tenha lazer,

Odair Tramontin (Novo)

1) Concessão, privatização, estão no DNA do partido. Aplaudimos essas iniciativas, concordamos com elas, e seguramente implementaremos. Blumenau tem uma carência grande de áreas de lazer. O Parque Ramiro transformou a cidade e é um dos ambientes mais frequentados pelo blumenauense. Temos que pegar esse exemplo bem-sucedido e levá-lo para os bairros. A vida de uma cidade não acontece só no Centro. O Centro é a sala da cidade, mas é preciso ter um olhar para os bairros. É importantíssimo que na Região Sul, no Grande Garcia, tenha uma área de lazer correspondente ao tamanho dos bairros.

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2) O Sul, no Garcia. Lá a questão geográfica dificulta isso, mas precisamos discutir com as lideranças locais essa possibilidade. E também a região da Itoupavazinha, uma das que mais cresce, já que ali contemplaria também o Salto do Norte e até a Itoupava Central. É uma região carente disso. Mas é algo muito superficial… Ainda temos que tomar pé da situação, entender a logística. Mas, objetivamente: Sul, Velha Central e a Norte, ali na Itoupavazinha. Seriam essas as linhas gerais daquilo que imaginamos na questão do lazer e atividades físicas.

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Ricardo Alba (PSL)

1) A gente pretende construir espaços de lazer em parceria público-privada. É impossível que em uma cidade de 370 mil habitantes tenha um parque só, o Parque Ramiro. Se nós olharmos, temos várias cidades dentro da cidade. O Grande Garcia, por exemplo, do terminal para dentro, Garcia, Progresso, Valparaíso, Glória, Nova Rússia, tem 70 mil habitantes e não tem um parque para as famílias fazerem o lazer, o entretenimento, para a prática de esportes, para caminhada, para corrida, não tem nada. Vamos estimular a criação de parques na cidade através de PPPs não só no Garcia, mas na Velha, na Fortaleza, na Itoupava Central.

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2) Todas as áreas precisam de áreas de lazer. Como eu disse, o próprio Grande Garcia, que tem 70 mil habitantes, que é maior que Gaspar, Concórdia, Caçador, São Bento (do Sul), não tem uma área de lazer. A Itoupava Central não tem uma área de lazer e é o bairro mais populoso de Blumenau. A Velha Pequena, Velha Grande não têm áreas de lazer. A gente tem que criar várias áreas de lazer na cidade, em parceria público-privada. Eu acredito que a iniciativa privada possa tocar, desenvolver em parceria com o poder público.

Wanderlei Laureth (Avante)

1) Não sou totalmente a favor. Não estou lá dentro, não sei como é feita essa concessão. Hoje a gente vê que as concessões feitas em Blumenau não funcionam. A do esgoto é uma vergonha. Cobram uma fortuna, e muitas casas não são nem ligadas à rede. A concessão do ônibus é outra vergonha. Tem que pensar num modelo se ele for bom para a prefeitura e para o povo. Concessão, privatização, tem que sentar, fazer um projeto, e ver se é bom para a cidade e vai trazer receitas para a cidade. Vamos fazer uma rota nos caça e tiros, para que os turistas possam conhecer essa nossa cultura, para que conheçam de verdade a cidade.

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2) Todas as regiões precisam de um parque. O Garcia, a Fortaleza… As Itoupavas têm o maior absurdo de Blumenau nos últimos anos. Tem que se repensar o parque nas Itoupavas, porque na primeira enchente que der o povo vai dizer que não o quer mais ali. O Tribess, Badenfurt, também merecem um parque. Hoje poucas pessoas dos outros bairros utiliza o Parque Ramiro. Já estamos estudando um terreno no Garcia, perto do túnel na Fortaleza. Pensamos numa Blumenau para o povo, para todos, incluindo os cidadãos dos bairros. Quem mora nos bairros parece que não vive em Blumenau.