Os blumenauenses voltaram a participar de uma audiência pública para discutir o transporte coletivo de Blumenau. Um ano e 11 meses atrás, na Vila Germânica, o tema foi o novo edital de licitação para conceder o serviço a uma nova empresa. Na noite desta quinta-feira, na Câmara de Vereadores, o assunto da vez foram mudanças em linhas que possam ajudar na redução da quilometragem percorrida, no aumento de viagens e na redução do tempo para buscar até mesmo melhora no valor da tarifa para os usuários.
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A intenção é dar mais transparência aos custos do serviço da empresa Blumob e às propostas que vêm sendo discutidas desde o final de dezembro por uma comissão mista que inclui representantes da própria Câmara, do Seterb, da Blumob e da Agência Intermunicipal de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos Municipais do Vale do Itajaí (Agir), que desde o ano passado é responsável por acompanhar os contratos e o processo de reajuste da tarifa na cidade.
Os integrantes da comissão foram as principais lideranças que discursaram ontem à noite. Entre as propostas sugeridas estão mudanças de rota em nove linhas, que podem ocorrer a partir de março. Essas alterações, entretanto, ainda vão ser apresentadas pela Agir à prefeitura, provavelmente no fim de março. Caso o poder público decida realmente implantá-las, deverá anunciar com 10 dias de antecedência e passar por 20 dias de testes. Elas fazem parte de um planejamento para o transporte coletivo em 2018.
Audiência mirou apenas possíveis mudanças em linhas
No início da reunião, o vereador Almir Vieira (PP), que convocou a audiência, deixou claro que o tema da audiência seria apenas a planilha de custos da empresa Blumob e as possíveis mudanças em rotas e em horários do transporte coletivo de Blumenau. As mudanças, em fase de discussão na comissão mista da Agir, segundo o vereador poderia ter reflexos até mesmo em uma melhor tarifa para os passageiros.
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Assuntos como uma suposta tentativa de retirada de cobradores, que preocupou o sindicato dos trabalhadores do transporte e fez com que cerca de 70 representantes de sindicatos ajudassem a lotar o plenário, não foram discutidos na reunião. Nove vereadores estiveram presentes e a Blumob não enviou representantes.
Cinco propostas de mudanças em rotas
Após uma rápida fala do presidente do Seterb, Carlos Lange, que reforçou apoio à comissão da Agir, o diretor-geral da Agir, Heinrich Luiz Pasold, explicou o papel da agência no monitoramento dos contratos financeiros e das planilhas do transporte coletivo de Blumenau. Em seguida, o presidente da comissão mista da Agir, Daniel Antonio Narzetti, apresentou as propostas de mudanças estudadas até agora pelo grupo.
As propostas envolvem quatro eixos: operação do sistema, frota, econômica e jurídica. Cinco mudanças que afetam nove linhas de ônibus foram apresentadas pela Agir (confira abaixo as alterações propostas). Segundo Narzetti, somente essas alterações de rotas poderiam diminuir em 30,7 mil quilômetros mensais a distância percorrida pelos veículos da Blumob.
Propostas incluem redução de potência em veículos
As mudanças que envolvem a frota consistem em um pedido para redução da exigência de 200 para 180 cavalos a potência dos veículos leves (ônibus intermediários que fazem as linhas do bairro para os terminais, não afeta os carros de 13 e 15 metros que fazem as linhas troncais). Segundo o presidente da comissão, a capacidade seria suficiente para a carroceria de 11 metros exigidos no edital para esses veículos intermediários. A mudança permitiria diminuição de 6,45% no investimento para a frota e 3,48% de economia no combustível. Outra defesa foi a redução do número de veículos reservas – o edital exige 20 ônibus e a empresa pretende reduzir até cinco desses ônibus. O representante da Agir alegou que o que o edital de Blumenau prevê seria o maior percentual de veículos reservas do país.
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Caso todas essas mudanças venham a ser implementadas, segundo cálculo apresentado pela Agir, resultariam em uma redução da tarifa de R$ 4,05 para R$ 4,01 – com arredondamento, seria possível trazer a tarifa para R$ 4,00.
As mudanças enfrentaram rejeição da maioria dos que compareceram à audiência. Quando a palavra foi aberta para perguntas, houve críticas a problemas como a redução crescente no número de usuários de ônibus e mudanças de horários e linhas feitas desde que o serviço passou a ser operação pela Piracicabana e, mais tarde, Blumob. Também foi questionada o motivo de não haver associações de moradores representadas na comissão mista liderada pela Agir. Justina Inês Ogliari, que também é presidente da Associação das Domésticas de Blumenau, compareceu à audiência, mas não saiu satisfeita com as argumentações das entidades envolvidas.
– Como eles querem diminuir os horários de ônibus? Cada vez o trânsito vai ficar pior porque todo mundo vai adquirir um carro. Não é uma boa solução. A melhor solução é aumentar, mas aumentar bastante os horários de ônibus, e não só diminuir os quilômetros – afirma
AS PROPOSTAS
Linhas
1 – Fusão das linhas 403 (Progresso) e 409 (Santa Maria)
Hoje cada linha faz um trajeto diferente na região do bairro Progresso e na Rua Santa Maria, na localidade Nova Rússia. Pela proposta, haveria uma fusão dessas linhas, criando um trajeto circular – ida por uma margem do rio e retorno por outro. Como contrapartida, a Linha Santa Maria teria ganho de 17 horários segundo a comissão da Agir. Esta mudança já foi colocada em testes durante os horários especiais de fim de ano e mantida neste início de ano.
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2 – Adequação de traçado na linha 101 (Fidélis)
Hoje o ônibus faz uma volta até o trevo da BR-470 porque não é possível cruzar a rodovia. Pelo novo trajeto, o ônibus faria um percurso menor, já saindo no trevo da BR-470. Em compensação, outra linha faria um trecho entre Terminal do Aterro e rua 1º de Janeiro.
3 – Adequação da linha 603 (Tribess)
Esta linha também passaria a ter um traçado circular
4 – Adequação da linha 706 (25 de agosto)
O trecho feito por essa linha, na região do bairro Itoupava Norte, seria absorvido pelas linhas 602 (Fritz Koegler) e 300 (Interbairros)
5 – Adequação de traçado das linhas 708 (Coripós) e 704 (Lúcio Esteves)
Hoje as duas linhas fazem trajetos paralelos, quase se encontrando no ponto final. A adequação também iria unificar esses itinerários, fazendo um trajeto circular.
Frota
1 – Alteração de 200 para 180 cavalos na potência dos motores dos veículos leves (ônibus intermediários que fazem as linhas do bairro para os terminais).
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2 – Redução de 20 para 15 no número de veículos reservas exigidos pelo edital.
Ganhos econômicos, segundo a Agir
Segundo o presidente da comissão mista da Agir, Daniel Antônio Narzetti, as alterações de rotas poderiam diminuir em 30,7 mil quilômetros mensais a distância percorrida pelos veículos da Blumob. Já as mudanças nas regras da frota permitiriam diminuição de 6,45% no investimento para a frota e 3,48% de economia no combustível. Juntas, as propostas seriam capazes de permitir uma redução da tarifa de R$ 4,05 para R$ 4,01 – com arredondamento, seria possível trazer a passagem para R$ 4,00. As propostas, no entanto, ainda estão serão apresentadas pela Agir ao poder público, que antes de implantar precisaria fazer questionamentos aos usuários e período de testes.
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Outras sugestões envolveram novas audiências e criação de conselho
Sugestões gerais também marcaram a audiência. O presidente da Associação de Moradores da Rua Concórdia, no bairro da Velha, Marcos Aurélio Saldanha, disse que as mudanças podem trazer ganhos à população. Ele aproveitou a ocasião para tentar mais uma vez defender a troca de ônibus grandes por micro-ônibus em parte dos 17 horários que hoje atendem a localidade. Com a economia que a empresa teria, em troca ele defende um aumento no número de horários para os moradores locais.
Outra ideia foi apresentar as simulações de mudanças detalhadas nesta quinta-feira em outras audiências ou reuniões com as comunidades que serão mais atingidas. O coordenador regional da Associação dos Usuários de Rodovias de SC (Auresc), Ricardo Wippel, propôs também a criação de um conselho municipal de transporte que reunisse entidades de classe e representantes dos usuários para intermediar esse tipo de decisão sobre transporte coletivo.
– O que tem que ter é participação porque o distanciamento gera dúvidas e as dúvidas geram conflito – opinou.
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