O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez, na tarde desta terça-feira (1º), o primeiro pronunciamento após derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência da República. Bolsonaro falou em sentimento de injustiça pelo processo eleitoral, legitimou protestos em rodovias e defendeu o direito de ir e vir. O discurso ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília, após quase dois dias de silêncio do chefe do Executivo. 

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Bolsonaro iniciou o pronunciamento por volta das 16h30, uma hora e meia mais tarde do que o anunciado. Ele estava acompanhado por sua equipe de governo e fez uma declaração breve. O presidente começou o discurso agradecendo aos 58 milhões de votos recebidos no domingo (30). No entanto, não reconheceu a derrota e não citou o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Em seguida, falou sobre as manifestações que ocorrem em doze estados do Brasil. Disse que se sente honrado em ser lider de milhões de brasileiros e que manifestações pacíficas são sempre bem-vindas. 

— Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população: como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento direito de ir e vir — afirmou ele.

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Bolsonaro reforçou a consolidação da direita no Brasil, relembrou a ampla votação de deputados e senadores, da sua base de apoio, para o Congresso Nacional, e da formação de líderes bolsonaristas no país. 

— Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso, mesmo enfrentando todo o sistema superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. 

Ele voltou a afirmar que sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição, e disse que foi rotulado como “antidemocratico”.  

No fim de seu pronunciamento, Bolsonaro reforçou que seus ideais, assim como os apoiadores eleitos, são a liberdade econômica, religiosa, de opinião, a honestidade e as cores verde e amarelo da bandeira brasileira. 

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Logo em seguida, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, informou que foi autorizado pelo presidente Bolsonaro a iniciar a transição com o governo eleito no último domingo. As ações práticas começam na próxima quinta-feira (4).

Bolsonaro é o primeiro presidente da história brasileira, desde a redemocraticação, que não discursou depois do resultado das urnas para reconhecer a eleição do oponente. Ele também é o único que não se reelegeu. 

Confira o pronunciamento na íntegra: 

“Quero começar agradecendo os 51milhoes de brasileiros que votaram em mim no dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população: como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento direito de ir e vir.

A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso, nossa força dos nossos valores (Deus, pátria, família, liberdade). Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso, mesmo enfrentando todo o sistema superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídias e as redes sociais.

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Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição. É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros, que como eu defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores e verde amarela da nossa bandeira.”

Dias de silêncio

No domingo (30), o candidato derrotado se reuniu com o general Walter Braga Netto (PL), vice da chapa, após a confirmação de Lula como novo presidente eleito. No entanto, o atual governante evitou falar com aliados e não fez nenhum pronunciamento público, nem mesmo ao seu eleitorado. 

A expectativa, então, era de que Bolsonaro falasse à nação na segunda-feira (31). Porém, a possibilidade foi descartada antes do fim do dia. Aliados e membros da família do presidente se manifestaram pelas redes sociais antes do próprio chefe de Estado.

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