Autoridades realizaram, na madrugada deste sábado, uma busca e apreensão na residência do ex-presidente peruano Alejandro Toledo (2001-2006), acusado de ter recebido propinas milionárias da empreiteira brasileira Odebrecht em troca de uma obra pública.
Continua depois da publicidade
Ao final da operação, que começou às 03H00 locais (06H00 de Brasília) e foi concluída às 11H00 locais (14H00 de Brasília), a equipe do promotor encarregado do caso Odebrecht, Hamilton Castro, levou dois cofres, duas caixas com envelopes lacrados e vídeos, segundo imagens de televisão.
Os agentes tiveram que quebrar a parede de uns dos quartos da casa do ex-presidente para retirar os cofres, segundo as imagens.
O Ministério Público informou em sua conta no Twitter que “a documentação encontrada na residência do ex-presidente será analisada pelos procuradores”.
O Judiciário aprovou na noite de ontem o pedido da procuradoria para revistar a residência do ex-presidente, que se encontra em Paris com a mulher, Eliane Karp.
Continua depois da publicidade
Segundo os procuradores, a Odebrecht pagou 20 milhões de dólares em propinas ao governo Toledo para vencer a licitação e construir a rodovia interoceânica que liga o Peru ao Brasil, segundo a imprensa.
Deste montante, o ex-presidente teria recebido pelo menos 11 milhões de dólares, segundo os sites dos jornais “La República”, “Perú.21” e “El Comercio”.
Segundo a imprensa, a procuradoria ordenaria a captura de Toledo, que se encontra em viagem à Europa.
O ex-presidente publicou em sua página no Facebook: “Meus inimigos não descansam. E, por não encontrarem nada, querem me prejudicar internacionalmente. Não conseguirão. Estarei pronto, como sempre, para colaborar com a Justiça.”
Continua depois da publicidade
A ex-primeira-dama Eliane Karp afirmou em seu perfil na rede social que “se trata de uma perseguição política armada sem nenhum dado, nenhuma prova das acusações verbais da imprensa”.
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, publicou em sua conta no Twitter: “Ordenei ao Poder Executivo que colabore em tudo que for necessário para garantir que a investigação seja eficaz. Corrupção nunca mais.”
“A Justiça tem que ser igual para todos. Se alguém cometeu atos de corrupção, tem que ser punido”, publicou ontem na mesma rede social.
A Odebrecht, envolvida em um escândalo de pagamento de propinas em troca de obras públicas no Brasil e em outros países da América Latina, admitiu que pagou 29 milhões de dólares em propinas no Peru entre 2005 e 2014.
Continua depois da publicidade
O período abrange os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala, este último também investigado por lavagem de dinheiro.
No Peru, há quatro detidos por envolvimento no caso até o momento, entre eles um ex-vice-ministro das Comunicações do governo García, acusado de ter recebido 2 milhões de dólares para beneficiar a Odebrecht com a construção da linha 1 do metrô de Lima.
rc/sgf/lb