Por falta de provas, o Ministério Público de Santa Catarina pediu que três pessoas até então acusadas pela morte da agente penitenciária Deise Alves não sejam levadas a julgamento, em São José, na Grande Florianópolis.
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O promotor Jádel da Silva Júnior, o segundo que atua no processo, afirmou não ter encontrado provas no processo para submeter a júri popular os seguintes acusados pela polícia: Oldemar da Silva, o Mancha, Fabrício da Rosa e a advogada Fernanda Fleck Freitas. Os três estão em liberdade e negam envolvimento na morte.
Anteriormente, na fase de inquérito e denúncia, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) e o próprio Ministério Público de Santa Catarina entendiam que Mancha e Fabrício teriam atuado na cena do crime, enquanto a advogada teria atuado como mensageira de criminosos presos e os executores do assassinato na rua.
O promotor pediu que sejam julgados em júri popular por homicídio cinco pessoas: Evandro Sérgio Silva, o Nego Evandro; Rudinei Ribeiro do Prado, o Derru; Adílio Ferreira; Gian Carlos Kazmirski e Marciano Carvalho dos Santos.
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Destes cinco, Marciano responde em liberdade. Ele é acusado de ter disparado o tiro na agente. Os outros quatro, conforme a promotoria, são líderes da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
A decisão final sobre quem irá ou não a julgamento será proferida em sentença do juiz Otávio Minatto, da 1ª Vara Criminal de São José, sem data para acontecer.
O crime aconteceu no dia 26 de outubro de 2012, em São José. Deise era mulher do então diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.
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Os líderes do PGC são acusados de ordenar a morte de Carlos porque estavam insatisfeitos com o corte de regalias na penitenciária. Deise acabou sendo morta por engano no lugar do marido.
Há ainda um outro acusado, Rafael de Brito, o Schrek, que continua foragido e será julgado em separado. A polícia apura pistas que estaria no Paraguai e também de que teria sido morto.
Polícia não comenta
O diretor da Deic, delegado Akira Sato, não quis comentar a decisão da promotoria. Akira lembrou que as decisões anteriores que concluíam pela participação de todos os envolvidos haviam sido referendadas na época pelo próprio Ministério Público de Santa Catarina por meio de outro promotor, Geovani Tramontin.
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Ele também evitou fazer críticas sobre o fato de nenhum dos acusados de participar da cena do crime estar preso, o que diz ser legal, mas que a polícia irá aguardar o resultado final do julgamento.
O PLANO
Insatisfeitos com o corte de regalias na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, presos do PGC e articuladores das ideologias da facção decidiram matar o então diretor Carlos Alves.
Por cartas ou visitas, comunicaram-se entre si e ordenaram a execução do diretor para os criminosos chamados disciplinas, que são os responsáveis por cumprir as ordens nas ruas.
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Conforme apurou a Deic, Fabricio da Rosa teria conseguido a arma para o homicídio, uma pistola 9mm, e reuniram-se para a execução Marciano Carvalho dos Santos, Oldemar da Silva, o Mancha, e Rafael de Brito, o Shrek.
O CRIME – 26 de outubro de 2012
Na noite de 26 de outubro de 2012, uma sexta-feira, em uma moto e em um carro, três homens seguiram o Mégane preto de Carlos Alves até a residência dele. Quando o veículo estacionou, na frente da casa de um familiar, às 21h, no Bairro Roçado (Rua João Fernando Pereira), a agente Deise Alves desceu e acabou sendo baleada.
Deise conseguiu reagir e acertou Marciano com um tiro na perna. Quando ele foi preso, apresentava o ferimento. O carro tinha película nos vidros e por isso os atiradores não perceberam que não era Carlos Alves quem estava dentro. Eles mataram a agente com um tiro no coração por engano.
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ONDA DE VIOLÊNCIA – 31 de outubro de 2012 / fevereiro de 2013
Depois da morte da agente, no final de outubro, começou onda de ataques e atentados criminosos no Estado. Os crimes se intensificam em novembro de 2012.
A polícia e a cúpula da segurança afirmam que os ataques partem de presídios ordenados pelo PGC. Um dos motivos seria tortura contra detentos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara.
RETALIAÇÃO
O diretor da prisão e marido de Deise, Carlos Alves, enfrentou denúncias de que teria comandado as agressões numa cela depois da morte da mulher. Um vídeo gravado por presos em um telefone celular chegou à promotora de São José, Márcia Arend, que abriu investigação por improbidade administrativa.
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Carlos Alves nega o abuso. O Deap disse que ele agiu para conter um tumulto com o uso legítimo da força. Desde então, em meio aos atentados, passou a ser pressionado supostamente por presos do PGC a deixar o cargo. Foi então que pediu o afastamento em 14 de novembro de 2012.
Em fevereiro de 2013, Santa Catarina voltou a enfrentar atentados. Nas duas ondas, foram mais de 170 ataques criminosos, entre ônibus queimados e tiros contra prédios públicos e automóveis.
TRANSFERÊNCIAS
Em fevereiro de 2013, 40 líderes da facção PGC foram transferidos para presídios federais. O Estado pediu à Justiça de Mossoró, no Rio Grande do Norte, que eles fiquem por mais 12 meses no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
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