Mais um processo eleitoral se aproxima e assistimos, quase todos desanimados e descrentes, ao aumento da violência, da corrupção e da omissão estatal, perpetuando, em ciclos viciosos, a prática criminosa, a impunidade e a (in)justiça popular pela próprias mãos. Ocorre que no Brasil a cultura da violência e da corrupção ainda persiste em virtude de práticas individualistas. O que vale é o que me beneficia. É a cultura patrimonialista que privilegia a relação familiar e de amizade em detrimento da sociedade.

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O problema é que as pessoas parecem não se importar mais com isso. E quanto menor o envolvimento social, maior é essa cultura individualista. Qualquer um, se tiver má índole ou a cultura do jeitinho brasileiro, acaba por legitimar atos de violência ou de corrupção. Em outras palavras, eles fariam o mesmo se estivessem na mesma oportunidade que ora criticam. Assim, parece evidente, o primeiro avanço social deve ser dado justamente nesse aspecto individual. Em seguida, é necessário unir a sociedade e exigir que as políticas públicas funcionem efetivamente, como foi no caso da Lei da Ficha Limpa. Ela só foi aprovada porque contou com a pressão da coletividade. Nenhuma liderança partidária se mostrou favorável inicialmente.

O terceiro passo é estimular e valorizar a solidariedade humana através do pensamento crítico, sem fórmulas mágicas ou receitas prontas. E é aí onde entra a educação. Investir pesado em educação não significa apenas construir uma estrutura física e colocar professores dentro das salas de aulas. Temos de criar seres pensantes, pessoas que entendam a diferença entre certo e errado, entre público e privado, pessoas que abominem a prática do jeitinho e da violência, que gritem bem alto contra a corrupção e a impunidade.