No final de 2012, a frota brasileira ultrapassou a barreira dos 76 milhões de veículos automotores. Para se ter uma ideia do tamanho do crescimento, basta lembrar que, em 2001, havia 34 milhões de veículos trafegando pelas ruas e estradas de nosso país. Isso explica, em parte, por que somos o quarto país em mortes no trânsito, com mais de 50 mil perdas de vida e 400 mil lesionados, a cada ano, todos vítimas do violento trânsito brasileiro.
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Ninguém desconhece que o combate a esse morticínio deve ocorrer na esfera do controle administrativo, com a intensificação da fiscalização e aplicação de rigorosas multas e da repressão criminal, com leis mais severas, aplicadas com o necessário grau de efetividade. A pena prevista para o autor de um grave homicídio culposo, de dois a quatro anos, é demasiadamente branda e, em muitos casos, pode acabar transformada em uma cesta básica ou sanção equivalente.
Porém, mais do que controle administrativo e penal, se quisermos alcançar a segurança no trânsito – “direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito” -, é preciso investir na educação no trânsito. Em matéria acidentária, a prevenção sempre será melhor do que a repressão – que só deve ser acionada quando o mal se torna inevitável.
Daí a importância da proposta educativa da Semana Nacional do Trânsito, encerrada ontem. Seu objetivo é permanente. Visa, acima de tudo, chamar a atenção da sociedade para a necessidade de construção de uma consciência coletiva comprometida com a valorização da vida humana e com a garantia do direito de ir e vir. Ao destacar que a responsabilidade no trânsito “é uma via de mão dupla”, a campanha tem por objetivo conscientizar motorista e pedestre sobre a importância do respeito mútuo nas ações do trânsito. Mas, principalmente, proteger e priorizar a circulação do pedestre em face de um sistema viário historicamente construído para atender o trânsito do veículo automotor.
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