Os flagrantes publicados permitem algumas observações sobre as diferentes e sintomáticas reações dos condenados mensaleiros. Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural, sisuda, provavelmente preocupada com seu futuro sombrio, solitário e sofredor no fundo de uma cela, bem diferente de escritório de ex-presidente do Banco Rural, a grande cancela aberta e alimentadora Mensalão. Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, dorso da mão colado à boca, mirando um horizonte cinzento, parecendo não acreditar que a hora do ajuste de contas havia chegado.

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Certamente, havia esquecido que a Justiça muitas vezes é como a morte: pode tardar, nunca a desejamos, mas uma hora como vem nos buscar inapelavelmente. Marcos Valério, o condenado boi de piranha, sobre cuja cabeça foi depositada a responsabilidade pelo esquema – que lhe rendeu 40 anos de prisão -, boca aberta e o olhar desolado de quem se sente marginalizado e traído pelos ex-companheiros.

Diferentemente, os dois Josés do PT – Genoino e Dirceu – posaram com o braço direito levantado e mão fechada em forma de soco contra o inimigo ideológico (não se sabe se elites ou Justiça) num gesto à moda de saudação nazifascista e o grito de serem “presos políticos”. Reagiram como se estivessem no tempo dos governos militares e não num Estado democrático, que dizem defender e ter ajudado a construir.

Mesmo depois de um julgamento de oito anos, com as garantias constitucionais observadas, Dirceu e Genoino reagiram como se fossem donos da verdade e estivessem acima da lei. Ao acusar a Corte de tribunal inquisitorial e de exceção, esquecem que a maioria dos ministros chegou lá pelas mãos de Lula e de sua sucessora.”

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